Luis Arce vota e promete “transição democrática” na Bolívia
Presidente boliviano afirmou que “recuperar a democracia” será a principal herança de seu governo em meio ao declínio do MAS
247 - O presidente da Bolívia, Luis Arce, compareceu às urnas neste domingo (17) em La Paz e declarou que o país viverá uma “transição democrática”. A cobertura é da IstoÉ. Segundo ele, a melhor herança que seu governo deixará será a “recuperação da democracia” após um período de fortes turbulências econômicas e políticas.
Arce, que decidiu não disputar a reeleição pelo Movimento ao Socialismo (MAS), pediu unidade nacional diante de um processo eleitoral que pode encerrar quase 20 anos de hegemonia da esquerda no poder. “Hoje queremos dizer à população que faremos uma transição democrática”, afirmou. Ele acrescentou que respeitará o calendário do Tribunal Supremo Eleitoral e entregará a Presidência ao vencedor em 8 de novembro deste ano.
Contexto eleitoral e crise do MAS
O pleito acontece em meio a uma das piores crises econômicas das últimas décadas no país, marcada pela escassez de dólares, falta de combustíveis e inflação em alta. O candidato oficialista, Eduardo del Castillo, ministro do Interior, aparece apenas nas últimas posições das pesquisas, enquanto os principais favoritos são os opositores de direita Samuel Doria Medina e o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, além de Manfred Reyes. Entre os nomes de esquerda, destaca-se Andrónico Rodríguez, senador e aliado histórico do MAS.
As pesquisas indicam que o cenário mais provável é a realização de segundo turno. Pela legislação boliviana, vence no primeiro turno o candidato que obtiver mais de 50% dos votos, ou 40% com pelo menos dez pontos percentuais de vantagem sobre o segundo colocado.
Votação supervisionada por missões internacionais
O processo eleitoral mobilizou mais de 7,5 milhões de eleitores habilitados dentro da Bolívia e outros 369 mil no exterior. Ao todo, 34.026 mesas de votação foram abertas, supervisionadas por mais de 204 mil jurados eleitorais.
A eleição conta com a presença de 14 missões internacionais de observação, entre elas as da União Europeia e da Organização dos Estados Americanos (OEA), além de cinco delegações nacionais. O presidente interino do Tribunal Supremo Eleitoral, Óscar Hassenteufel, classificou o processo como “o mais importante da história contemporânea, não só porque há muito em jogo, mas porque coincide com a celebração do bicentenário da independência”.