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      “Esta votação vai demonstrar que se trata de uma eleição sem legitimidade”, diz Evo sobre eleições na Bolívia

      Ex-presidente aposta no voto nulo enquanto candidaturas de direita lideram pesquisas

      Evo Morales (Foto: REUTERS/Agustin Marcarian)
      Luis Mauro Filho avatar
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      247 - O ex-presidente boliviano Evo Morales, impedido de disputar as eleições gerais deste domingo (17), afirmou que o pleito carece de legitimidade e convocou os eleitores ao voto nulo. “Esta votação vai demonstrar que se trata de uma eleição sem legitimidade”, disse, após votar em uma comunidade próxima a Lauca Eñe, em Cochabamba. Segundo ele, “pela primeira vez na história, se não houver fraude, o voto nulo será o mais votado”.

      Com base em relatos da AFP e da EFE publicados nesta semana, que também registraram a articulação de apoiadores de Evo pelo voto nulo, o cenário eleitoral se organiza sem o MAS coeso e com vantagem para candidaturas de direita, sobretudo o empresário Samuel Doria Medina e o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, cotados para um segundo turno em 19 de outubro. Evo reforçou a crítica: “Desta vez vamos votar, mas não vamos eleger”.

      A fissura no campo “masista” e a aposta no protesto via cédula

      Primeiro presidente indígena do país, Evo tentou um quarto mandato, mas foi inabilitado pelo Tribunal Constitucional, que barrou mais de uma reeleição. Rompido com o atual presidente, Luis Arce, e desvinculado do MAS, ele adotou o voto nulo como instrumento de protesto — mecanismo que, pela regra boliviana, não altera o resultado oficial, já que só os votos válidos são contabilizados.

      Sem uma candidatura unificadora no campo governista, a disputa se deslocou para dois nomes que prometem “ruptura” com o ciclo do MAS: Doria Medina, de perfil empresarial, e Tuto Quiroga, ex-mandatário (2001–2002). Ambos defendem liberalização econômica e reversão de pilares implementados na era Evo, como nacionalizações estratégicas.

      Direita promete “virada total” e plano de choque

      Após votar em La Paz, Doria Medina afirmou: “Hoje é um dia muito importante para os bolivianos, porque por meio do voto poderemos sair desta crise econômica de forma pacífica, de forma democrática”. Ele propõe um “plano de choque” nos primeiros 100 dias, mirando a escassez de combustíveis e dólares.

      Quiroga elevou o tom e falou em mudança profunda do arranjo estatal: “Vamos provocar uma reviravolta: vamos mudar tudo, absolutamente tudo. São 20 anos perdidos.” Seu discurso mira diretamente o legado do MAS, que nacionalizou setores e ampliou o papel do Estado na economia.

      Tensão na votação e queda de competitividade do governo

      O governista Eduardo del Castillo e o presidente do Senado, Andrónico Rodríguez (ala à esquerda do MAS), aparecem atrás nas pesquisas. Houve episódios de hostilidade: ao chegar para votar na província de Carrasco, críticos de Andrónico arremessaram pedras. O senador confirmou o voto e declarou nas redes: “Cumprimos com nossa vocação democrática ao exercer nosso voto no dia de hoje”.

      (Com informações da Folha de S. Paulo)

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