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Bolívia vai às urnas neste domingo e pode encerrar ciclo do MAS

Eleição presidencial no bicentenário do país testa força de Evo Morales e pode abrir caminho para avanço da direita

Bolívia inicia preparativos para eleições gerais de agosto (Foto: Ilustração Prensa Laatina )

247 – A Bolívia vive neste domingo (17), em pleno ano de seu bicentenário, um momento decisivo para o futuro político do país. Serão escolhidos o novo presidente e os membros do Parlamento em uma eleição marcada pela incerteza e pelo enfraquecimento do Movimento ao Socialismo (MAS).

Ao todo, 7.567.207 bolivianos dentro do país e 369.308 no exterior estão obrigados a votar. Pela Constituição de 2009, será necessário segundo turno caso nenhum candidato supere 50% dos votos válidos ou alcance 40% com dez pontos de vantagem sobre o segundo colocado. As pesquisas indicam que nenhum dos oito postulantes ao Executivo deve vencer já na primeira rodada, segundo aponta reportagem do Página 12.

Fragmentação da direita e crise no MAS

Os dois nomes mais bem posicionados, com pouco mais de 20% das intenções de voto, são Samuel Doria Medina e Jorge “Tuto” Quiroga, ambos de oposição ao MAS. Também concorrem pela direita Manfred Reyes Villa, Rodrigo Paz e o prefeito de Santa Cruz, Jhonny Fernández.

A esquerda chega dividida e enfraquecida. O MAS apresentou dois jovens candidatos: Andrónico Rodríguez, que rompeu com Evo Morales, e Eduardo Del Castillo, apoiado pelo atual presidente Luis Arce, que desistiu de disputar a reeleição. Nenhum deles alcança dois dígitos nas sondagens. A crise econômica, denúncias de desabastecimento e divisões internas corroem a força do partido que governou a Bolívia entre 2006 e 2020.

O ex-presidente Evo Morales, figura central da política boliviana, adotou uma posição inédita: convocou a população a anular o voto. Essa estratégia é vista como um teste de sua capacidade de influência e um plebiscito interno no MAS.

O peso dos indecisos e a “última esperança” do MAS

Apesar do cenário adverso, analistas consideram que a alta taxa de indecisos, votos nulos e brancos — que giram em torno de 15% — ainda pode abrir uma brecha para o MAS. Caso parte desses eleitores migre para Rodríguez, o partido poderia chegar ao segundo turno. Esse cálculo leva em conta a resistência histórica de movimentos sociais que enfrentaram o golpe de Estado de 2019 e permanecem ativos.

Na direita, há divisões e ataques cruzados, mas também um consenso: eliminar a influência de Evo Morales. Samuel Doria Medina, apesar de integrar a Internacional Socialista, quase compôs chapa com Jeanine Áñez em 2020. Hoje, Áñez, que está presa, apoia sua candidatura. Outros candidatos como Rodrigo Paz tentam ocupar um espaço de centro, mas precisam endurecer seus discursos para atrair eleitores conservadores.

Observação internacional e desconfiança popular

O pleito é acompanhado por 14 missões internacionais, entre elas as da OEA e da União Europeia, organizações que reconheceram o governo de facto de Áñez após a derrubada de Morales em 2019. O peso simbólico dessa participação gera desconfiança em setores da esquerda boliviana.

Quem vencer governará até 2030. Caso a direita confirme as projeções, cresce o temor de revanchismo político e aumento da instabilidade social, diante da promessa de Evo Morales de retornar às ruas com seus militantes caso o MAS seja derrotado.

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