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Explosão ocorre perto de local de votação na Bolívia, que vive eleições neste domingo

Após décadas, direita é favorita na disputa boliviana

Urnas eleitorais na Bolívia (Foto: Reprodução/frame de vídeo TV Globo)

247 - Uma explosão perto de uma seção eleitoral em Kutimarca, comunidade do departamento de Cochabamba, elevou o clima de tensão na Bolívia na véspera das eleições presidenciais, informa o g1. O incidente ocorreu neste sábado (16), segundo a imprensa local, mas não deixou feridos.

O ministro de Governo, Roberto Ríos, afirmou que o Tribunal Eleitoral Departamental entrou em contato com autoridades locais para avaliar a segurança do processo. Já na madrugada deste domingo (17), equipes do Tribunal e militares chegaram ao local para monitorar a votação, informou o comandante da polícia departamental, Edson Claure.

De acordo com a Agência Boliviana de Informação, a votação começou sem incidentes registrados.

Eleição em clima de incerteza

O pleito deste domingo ocorre em pleno bicentenário da Bolívia, com 7,9 milhões de eleitores aptos a votar dentro e fora do país. A disputa é marcada pela incerteza: pesquisas apontam que nenhum dos oito candidatos deve alcançar vitória em primeiro turno.

Na ponta das sondagens aparecem os opositores Samuel Doria Medina e Jorge “Tuto” Quiroga, ambos com pouco mais de 20% das intenções de voto. Do outro lado, o Movimento ao Socialismo (MAS) chega dividido, com duas candidaturas jovens: Andrónico Rodríguez, dissidente de Evo Morales, e Eduardo Del Castillo, apoiado pelo atual presidente Luis Arce, que desistiu da reeleição. Nenhum deles chega a dois dígitos.

Crise no MAS e papel de Evo Morales

O MAS, que governou a Bolívia entre 2006 e 2020, enfrenta crise econômica, denúncias de desabastecimento e divisões internas. Evo Morales, líder histórico do partido, adotou postura inédita: convocou os eleitores a anular o voto, estratégia vista como um plebiscito interno sobre sua influência.

Ainda assim, analistas não descartam que a força de movimentos sociais ligados ao ex-presidente e a alta taxa de indecisos, nulos e brancos (15%) possam dar fôlego ao partido para disputar um eventual segundo turno.

Direita fragmentada, mas unida contra Evo

Entre os candidatos da direita, há divisões e ataques cruzados, mas também um consenso: reduzir a influência de Evo Morales. Medina, que já foi cotado para se aliar a Jeanine Áñez em 2020, hoje recebe apoio da ex-presidente, que está presa. Outros nomes, como Rodrigo Paz e Jhonny Fernández, tentam espaço, mas precisam disputar a mesma base conservadora.

Observadores internacionais e desconfiança

O pleito conta com 14 missões de observação, incluindo a OEA e a União Europeia — entidades que reconheceram o governo de facto de Áñez após a derrubada de Morales, em 2019. Esse histórico gera desconfiança em setores da esquerda, que temem parcialidade.

O próximo presidente governará até 2030. Caso a direita confirme as projeções, analistas alertam para o risco de revanchismo político e instabilidade social, já que Evo Morales prometeu retornar às ruas com seus militantes em caso de derrota do MAS.

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