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Irmã de Milei é convocada a depor no Congresso argentino sobre escândalo da criptomoeda Libra

Oposição intensifica pressão sobre o governo com a convocação de Karina Milei e outras vinte autoridades para investigar golpe financeiro

Javier e Karina Milei (Foto: Reuters/Agustin Marcarian)

247 - Em mais um capítulo da crise política que assola o governo do presidente Javier Milei, a oposição na Câmara dos Deputados da Argentina convocou a secretária-geral da Presidência e irmã do mandatário, Karina Milei, para prestar depoimento sobre o escândalo envolvendo a criptomoeda Libra, informa a agência de notícias Prensa Latina.

A decisão partiu da comissão especial que investiga um grave conflito de interesses, que envolve o próprio presidente como promotor do token acusado de ser falsificado. Além de Karina, também foram convocados o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, e o chefe de gabinete, Guillermo Francos. A oposição alertou que, caso se recusem a comparecer, poderá recorrer à juíza federal Romilda Servini, que também investiga o caso, para forçar a participação das autoridades perante os legisladores.

O escândalo, tratado como uma "fraude multimilionária", está sob investigação simultânea na Justiça argentina e em tribunais dos Estados Unidos. Em resposta, o partido governista, La Libertad Avanza, acusou a oposição de tentar criar um "poder judicial paralelo" a partir do Congresso.

Karina Milei, figura central no círculo íntimo do poder e alvo constante de acusações de corrupção, será obrigada a se explicar perante os deputados. Ela não é a única. Cerca de vinte autoridades nacionais e líderes do setor de criptomoedas foram convocados, num leque de interrogatórios que inclui até o tradutor oficial da Casa Rosada.

Dois nomes destacam-se na lista de convocados: os corretores de criptomoedas Mauricio Novelli e Manuel Terrones Godoy, identificados pela comissão como os "organizadores do braço local" do esquema. Eles são os responsáveis pelo Tech Forum, evento do qual Milei participou como palestrante em outubro de 2024. De acordo com a linha de investigação, foi nesse evento que Novelli apresentou o presidente a Julián Peh – proprietário da KIP Protocol, empresa por trás do projeto Libra – e à família de Hayden Davis, outro nome ligado ao caso.

A lista de convocados ainda inclui o ex-chefe da Assessoria Presidencial, Demian Reidel; o titular da Comissão Nacional de Valores Mobiliários, Roberto Silva; o procurador-geral da República, Alejandro Melik; e Florencia Zicavo, braço direito do ministro da Justiça, Mariano Cúneo Libarona. Zicavo chefiou a unidade especial criada para investigar o caso Libra, encerrada de forma surpreendente poucos meses após sua criação.

A comissão investigativa, que possui autoridade legal para convocar autoridades graças a uma nova maioria formada no painel, busca esclarecer o papel do Poder Executivo na promoção e possível operação irregular da criptomoeda. O desfecho das convocações pode definir novos rumos para a já conturbada gestão Milei.

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