EUA decidirão na próxima semana sobre mudança na certificação da Colômbia no combate ao narcotráfico
Decisão pode afetar profundamente as relações entre os dois países
247 - Até o dia 15 de setembro, um marco crucial aguarda a relação entre os Estados Unidos e a Colômbia, segundo o Conselho Atlântico. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidirá se certifica ou não a Colômbia como parceira no combate ao tráfico transnacional de drogas, uma decisão que pode alterar profundamente os laços de segurança entre as duas nações. A informação foi destacada em um artigo publicado pelo centro Adrienne Arsht para a América Latina, que também alertou para os riscos de "descertificação", um movimento que poderia prejudicar severamente a colaboração bilateral.
A certificação anual, prevista pela legislação dos EUA até o dia 15 de setembro, avalia se os principais países produtores e de tráfico de drogas estão colaborando com a política antinarcóticos americana. Este ano, o contexto é ainda mais delicado devido ao aumento significativo dos cultivos de coca na Colômbia, que, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, aumentaram 53% em 2023, resultando em 2.700 toneladas métricas de cocaína produzidas. A ascensão desses números coloca a Colômbia novamente no epicentro das discussões sobre segurança regional, gerando uma crescente preocupação entre os colombianos e diplomatas de Washington sobre a possível volta aos piores anos de violência.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, que assumiu o cargo em 2022, havia prometido uma abordagem alternativa focada na substituição de cultivos e na oferta de oportunidades econômicas nas zonas rurais. No entanto, a implementação dessas políticas não tem avançado conforme esperado, o que tem sido motivo de frustração para os EUA. A meta do governo Petro para 2025 é erradicar apenas 30.000 hectares de coca, um número significativamente inferior aos 150.000 hectares visados pelo governo anterior de Iván Duque. Essa desaceleração nas ações de fumigação de plantações de coca também se tornou um ponto de tensão nas relações com os Estados Unidos.
A decisão de descredenciar a Colômbia não é definitiva, e os EUA podem optar por uma abordagem mais flexível, considerando uma isenção por interesse nacional. Caso isso ocorra, a Casa Branca poderia evitar as sanções severas que acompanham uma descredenciação, como cortes significativos de assistência financeira e a revogação de vistos para altos oficiais colombianos. A última vez que a Colômbia foi descredenciada, em 1996, sob a presidência de Ernesto Samper, o país sofreu um golpe financeiro significativo e uma perda de credibilidade no mercado internacional.
Contudo, o apoio bipartidário dos EUA à Colômbia permanece forte, apesar das divergências políticas internas. Recentemente, o Centro Adrienne Arsht organizou um evento público em Bogotá, destacando a importância da parceria estratégica entre os dois países. Durante o evento, o senador americano Bernie Moreno, do Partido Republicano, e o senador Ruben Gallego, do Partido Democrata, enfatizaram a continuidade do apoio dos Estados Unidos à Colômbia, destacando áreas de cooperação em segurança, comércio e investimentos.
Além disso, o apoio à Colômbia tem sido reafirmado em encontros bilaterais que abordam iniciativas de segurança. Em Bogotá, uma delegação de senadores dos EUA teve a oportunidade de observar programas de combate ao crime organizado e ao tráfico de drogas, como a colaboração entre a marinha colombiana e o Comando Sul dos EUA. Também foram discutidas questões de inclusão social e preservação do patrimônio afro-colombiano, uma das áreas mais sensíveis para o governo colombiano.
Embora o relacionamento entre os dois países tenha sido testado por desafios internos e externos, o que se destaca é que, mesmo em tempos de incerteza, a parceria continua a ser vital para os interesses de segurança e estabilidade da região. O que está em jogo neste momento decisivo é como os EUA e a Colômbia vão recalibrar essa parceria, garantindo que os laços sejam ainda mais robustos para os próximos anos.
A decisão da Casa Branca sobre a certificação da Colômbia poderá afetar também as relações dos EUA com toda a América Latina.