ALBA reage com condenação unânime à ofensiva militar dos EUA no Caribe
As movimentações de navios e aviões dos EUA na região geraram rejeição e preocupação
247 - Os países que compõem a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA) condenaram de forma unânime o anúncio feito na semana anterior pelos Estados Unidos de um novo desdobramento militar no sul do mar do Caribe, como parte das ações de Washington contra o narcotráfico na região. A condenação foi expressa em uma cúpula virtual realizada na quarta-feira (20). A reportagem é do canal RT.
O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, advertiu que “é indubitável” que a região atravessa “tempos de enormes desafios”, marcados por uma “ofensiva hegemonista e agressiva” dos EUA no Caribe. Segundo ele, trata-se de uma “ameaça inaceitável de agressão, de violação da soberania das nações da região e de uma nova ruptura do regime de paz e cooperação que os países latino-americanos e caribenhos” vêm procurando manter.
O envio de unidades militares ao sul do Caribe, sob comando do Comando Sul, envolveria até 4 mil efetivos e estaria sendo apresentado como ato dissuasório sob o “falso e desproporcional argumento” de combater os cartéis do narcotráfico, acrescentou. “E isso é promovido justamente pelo Estado mais narco do mundo, que são os Estados Unidos”, disse Díaz-Canel.
O presidente da Bolívia, Luis Arce, também criticou a operação, classificando-a como “uma provocação inadmissível dos EUA, que ainda pensam que a nossa América […] continua sendo seu quintal e sua retaguarda”.
“Essas ordens unilaterais representam uma séria ameaça à paz regional, violam a soberania dos Estados e ignoram os princípios básicos do direito internacional. Esse episódio soma-se a uma série de ações intervencionistas que voltam a acender o alerta entre os povos da pátria grande, diante da ameaça, desta vez, contra um de seus próprios países-membros”, afirmou Arce.
O copresidente da Nicarágua, Daniel Ortega, questionou a inação da chamada comunidade internacional diante da pressão contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusado por Washington — sem provas — de liderar uma organização criminosa dedicada ao tráfico internacional de drogas.
“Todos nós que fazemos parte da ALBA reagimos, comprometidos com a defesa da dignidade e da soberania. Mas não houve resposta contundente da Celac [Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos]. Isso é covardia, submissão, rendição. O que hoje tentam fazer com a Venezuela, amanhã farão com outro país alinhado às políticas do imperialismo”, declarou Ortega.
Maduro, por sua vez, agradeceu as manifestações de solidariedade diante da pressão norte-americana e classificou o momento atual como “uma conjuntura de ameaças enlouquecidas em série”:
“Lançam ameaças por aqui, ameaças por ali, os que se acham donos do mundo, que acreditam que nossa América é quintal, que a Doutrina Monroe pode voltar e Bolívar não fará nada [...]. Pensam que uma palavra deles basta para que os povos entreguem suas bandeiras, sua terra e sua pátria”, disse o presidente venezuelano.
Além de Ortega e Díaz-Canel, o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, exigiu maior engajamento da Celac diante do que classificou como ameaça à soberania de seus países-membros. Gonsalves também alertou para a ilegalidade das tentativas de “mudança de regime”, prática condenada pelo direito internacional.
Escalada
Na segunda-feira, a agência Reuters informou, citando fontes, que os EUA planejam enviar três navios de guerra para próximo das costas venezuelanas, em meio a acusações contra Maduro — apontado como líder de um cartel de drogas e com uma recompensa de US$ 50 milhões oferecida por Washington.
“Seus mares, seus céus e suas terras nós defendemos, nós libertamos, nós vigiamos e patrulhamos. Nenhum império virá tocar o solo sagrado da Venezuela, nem tampouco da América do Sul”, advertiu Maduro em transmissão pelas redes sociais. Ele também anunciou o desdobramento de 4,5 milhões de milicianos em todo o país.
Na terça-feira, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, repudiou as operações norte-americanas no Caribe, chamando-as de atos de ingerência. “Não ao intervencionismo. Isso não é apenas uma convicção, está na Constituição”, disse em coletiva de imprensa.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também alertou para os riscos de uma eventual intervenção dos EUA na Venezuela. “Os gringos estão muito enganados se pensam que invadir a Venezuela vai resolver seu problema. Isso só colocaria o país em situação semelhante à da Síria, com a diferença de que arrastariam a Colômbia junto”, declarou em reunião ministerial.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Vote agora no Brasil 247 no iBest 2025
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: