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EUA assassinam pescadores e os acusam de "narcoterrorismo"

Mais de 60 pessoas já morreram desde que os EUA anunciaram uma ofensiva contra a América do Sul. Vídeo

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, discursa para oficiais militares em Quantico, no estado da Virginia - 30/09/2025 (Foto: Andrew Harnik/Pool via REUTERS)

247 - O secretário de Defesa norte-americano, Pete Hegseth, afirmou que forças militares dos Estados Unidos atacaram mais uma embarcação supostamente envolvida com tráfico de drogas. Desde que lançou a ofensiva contra a América do Sul, há pouco mais de um mês, os EUA atacaram 15 embarcações, sendo oito no Mar do Caribe e sete no Oceano Pacífico. Pelo menos 61 pessoas morreram, apontaram estatísticas do governo americano.

“Hoje cedo, sob ordens do Presidente Trump, o Departamento de Guerra realizou um ataque cinético letal contra mais uma embarcação de narcotráfico operada por uma Organização Terrorista Designada (OTD) no Pacífico Oriental”, escreveu o secretário na rede social X.

“Esta embarcação, assim como todas as outras, era conhecida por nossa inteligência por estar envolvida no contrabando de narcóticos, transitava por uma rota de narcotráfico conhecida e transportava entorpecentes. Quatro narcoterroristas do sexo masculino estavam a bordo da embarcação — e foram mortos — durante o ataque, que ocorreu em águas internacionais. Nenhuma força americana sofreu ferimentos neste ataque”.

De acordo com o secretário, o “Hemisfério Ocidental deixou de ser um refúgio seguro para narcoterroristas que trazem drogas para nossas costas com o objetivo de envenenar americanos”. “O Departamento de Guerra continuará a caçá-los e eliminá-los onde quer que atuem”.

Ofensiva

A ação militar dos Estados Unidos faz parte da estratégia adotada pelo governo do presidente Donald Trump, que determinou o deslocamento de militares para regiões próximas da América do Sul. Washington informou que a operação tinha como objetivo reforçar o combate ao chamado narcoterrorismo.

O governo dos EUA anunciou uma recompensa de até US$ 50 milhões — cerca de R$ 270 milhões — para quem fornecesse informações que levassem à captura do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. O presidente Trump instruiu a CIA e o Pentágono a adotarem medidas mais agressivas contra o atual governante venezuelano.

O chefe da Casa Branca resolveu acusar o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, de ligação com o narcotráfico. Trump suspendeu o pagamento de subsídios ao país sul-americano. O líder colombiano repudiou as acusações e afirmou que as denúncias de Trump foram motivadas pela recusa de Bogotá em apoiar uma ofensiva militar contra a Venezuela.

Venezuela

Outro fator que explica à postura de Trump em relação à Venezuela é o petróleo. De acordo com dados do site World Atlas, em 2024 a Venezuela ocupou a primeira posição entre os dez países com as maiores reservas de petróleo do planeta, totalizando 300,9 bilhões de barris. Em seguida aparecem a Arábia Saudita, com 266,5 bilhões de barris, e o Canadá, com 169,7 bilhões.

A lista prossegue com o Irã (157,8 bilhões), o Iraque (150 bilhões), a Rússia (103,2 bilhões), o Kuwait (101,5 bilhões), os Emirados Árabes Unidos (97,8 bilhões), os Estados Unidos (48,5 bilhões) e a Líbia (48,4 bilhões). O Brasil figura na 15ª colocação, com 16,2 bilhões de barris, correspondendo a cerca de 1% das reservas mundiais.

Brasil

No caso do Brasil, os EUA ainda não chegaram a interferir. Mas existem alguns sinais de alerta para que Trump não use o combate ao tráfico como pretexto para invadir o território brasileiro.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), por exemplo, enviou ao governo Trump um relatório sobre a atuação da facção criminosa Comando Vermelho (CV) no estado do Rio. Outro político da extrema direita brasileira, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) pediu que forças norte-americanas se desloquem para o Brasil.

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