Trump anuncia redução de tarifas sobre café
Presidente dos Estados Unidos afirmou que vai cortar parte das taxas sobre o café, medida que pode beneficiar o Brasil
247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou na terça-feira (11) que pretende reduzir “algumas tarifas” aplicadas sobre o café, um dos principais produtos exportados pelo Brasil. A afirmação foi feita em entrevista ao programa The Ingraham Angle, da emissora Fox News.
Segundo Trump, a medida será tomada em breve e deve ter impacto direto nos preços da bebida no mercado americano. “Nós vamos baixar algumas tarifas sobre o café, e vamos ter algum café entrando [nos EUA]. Vamos cuidar de tudo isso muito rápido, é cirúrgico, é bonito de se ver, mas o custo de vida hoje está bem menor”, disse o republicano, de acordo com a Folha de S.Paulo.
Tarifas de 50% afetaram exportações brasileiras
Desde agosto, o café brasileiro vem sendo taxado em 50% para entrada no mercado dos Estados Unidos, que é o maior consumidor mundial do produto. O Brasil, responsável por cerca de um terço do café consumido pelos americanos, exportou US$ 1,96 bilhão em 2024, segundo a International Trade Administration, ligada ao Departamento de Comércio dos EUA. A Colômbia, segunda colocada, vendeu US$ 1,48 bilhão no mesmo período.
As tarifas impostas por Trump afetaram tanto os importadores quanto os consumidores americanos. O setor de café nos EUA movimenta cerca de US$ 340 bilhões por ano, mas vem sofrendo com estoques parados, cancelamentos de contratos e aumento médio de 40% nos preços ao consumidor. Em setembro, os preços registraram a maior alta mensal do século, com avanço de 3,6%, e em outubro o produto ficou 19% mais caro que no mesmo mês de 2024.
Conversas com Lula e possível acordo comercial
No início de outubro, Trump se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Malásia para discutir a remoção de tarifas sobre produtos brasileiros. O diálogo pode levar à redução dos preços do café nos Estados Unidos, já que o Brasil é o maior produtor e exportador global do grão.
De acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), as exportações brasileiras para os EUA caíram 52,8% em setembro de 2025 em comparação ao mesmo mês do ano anterior, somando 332,8 mil sacas. A Alemanha e a Itália assumiram a liderança no ranking mensal, mas os Estados Unidos ainda figuram como principal destino no acumulado de janeiro a setembro, com 4,36 milhões de sacas, o que representa 15% dos embarques totais.
Café especial e safra pressionada pelo clima
O café não torrado representou 5,3% das exportações brasileiras para os EUA entre janeiro e outubro deste ano, totalizando US$ 1,7 bilhão, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O índice supera o de 2024, que havia sido de 4,7%.
Além das tensões comerciais, o setor cafeeiro enfrenta desafios climáticos. Desde 2020, o Brasil lida com secas recorrentes que reduziram a oferta global. Os preços futuros do arábica subiram quase 40% desde agosto, enquanto o robusta, usado em cafés instantâneos, avançou 37%.
A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) relatou que os embarques de cafés finos para os EUA caíram 67% após o início das tarifas. Antes da taxação, cerca de 150 mil sacas eram enviadas mensalmente a estados como Califórnia, Nova York e Oregon — número que despencou para 50 mil.
Esses cafés, que podem ultrapassar R$ 3 mil por saca de 60 quilos, são os mais valorizados do país. Produtores destacaram o impacto da crise durante a Semana Internacional do Café (SIC), realizada recentemente em Belo Horizonte, principal evento da cafeicultura nacional.
Com o possível corte nas tarifas anunciado por Donald Trump, o setor agora aguarda medidas concretas que possam reaquecer as exportações brasileiras e estabilizar o mercado americano de café.


