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PIB do BRICS supera média global e consolida bloco como força econômica mundial

Relatório do FMI aponta crescimento superior ao dos países do G7 e reforça peso político e econômico do grupo

Reunião de chanceleres do Brics - 29/04/2025 (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)
Otávio Rosso avatar
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247 - Os países que compõem o BRICS — bloco formado atualmente por onze nações —  devem registrar, em 2025, um crescimento econômico superior à média mundial. A projeção é do relatório Perspectivas Econômicas Mundiais, divulgado em abril pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), e revela que o Produto Interno Bruto (PIB) do grupo deve alcançar 3,4%, acima da média global, estimada em 2,8%.

De acordo com o documento, o BRICS também já apresentou desempenho superior no acumulado de 2024, com crescimento médio de 4%, enquanto o mundo avançou 3,3% no mesmo período. Em termos proporcionais, o bloco — que inclui também África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes, Etiópia, Indonésia e Irã — já representa mais de 40% da economia global, quando considerada a paridade do poder de compra (PPC). A projeção para este ano é que essa fatia atinja 41%.

Para o professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV), Rodrigo Cezar, o crescimento do BRICS está diretamente ligado à diversidade interna e às características estruturais dos países membros, que hoje representam também mais de 40% da população mundial.

“É importante falar aqui de uma heterogeneidade, uma diferença interna nos países do BRICS. Isso gera desafios e oportunidades porque no caso do Brasil e da Índia, por exemplo, o fato de estarem mais afastados das frentes de instabilidade geopolítica gera uma oportunidade atrelada ao desvio de comércio”, afirma.

Cezar ressalta ainda que, mesmo entre os países que enfrentam conflitos ou instabilidades internas, a necessidade de estímulo fiscal tende a acelerar o crescimento por meio de investimentos.

“Já países que são peças centrais nessa instabilidade possuem uma necessidade de estímulo fiscal muito grande internamente, eles precisam injetar dinheiro na economia para reduzir as fontes de instabilidade. Então, farão mais investimento em infraestrutura, indústria. Isso também vai gerar crescimento nesses países.”

O avanço do bloco é impulsionado, em parte, pela atuação de países como Etiópia (6,6%), Índia (6,2%), Indonésia (4,7%), Emirados Árabes (4%) e China (4%), que lideram a projeção de crescimento do PIB do grupo para 2025. Já em termos de participação no mercado internacional, a China aparece com a maior fatia: 19,6% da economia global este ano, seguida por Índia (8,5%), Rússia (3,4%), Indonésia (2,4%) e Brasil (2,3%).

“Se você pegar a média do grupo, você vai ter alguns países que vão puxar o crescimento para cima, enquanto outros vão estar com crescimento um pouco mais lento. É muito provável que pelo menos um dos países do grupo esteja em um crescimento considerável por conta dos seus fatores estruturais”, explica Cezar. “Isso vai puxar a média do grupo inteiro para cima.”

Outro ponto central destacado pelo FMI é a superioridade atual do BRICS em relação ao G7, grupo das maiores economias desenvolvidas do Ocidente. Em 2024, o G7 respondeu por 28,8% da economia mundial, enquanto o BRICS alcançou 40,2% — proporção que deve se manter em 2025. O desempenho econômico também segue a mesma tendência: a média do PIB do G7 foi de 1,7% em 2024, com projeção de 1,2% para 2025, contra 4% e 3,4%, respectivamente, do BRICS.

“É uma importância econômica, mas também política, por ser um contraponto à hegemonia dos Estados Unidos. É um ator que mostra uma alternativa em relação ao G7 — os países mais desenvolvidos da União Europeia e da América do Norte”, conclui o professor da FGV.

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