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Exportações russas disparam apesar de sanções do Ocidente, aponta instituto alemão

Relatório do Instituto Econômico Alemão revela que Rússia ampliou vendas em 18% para seus 20 principais parceiros comerciais desde 2021

Vladimir Putin (Foto: Alexander Kazakov/TASS)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Apesar das sanções abrangentes impostas por Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e aliados desde o início do conflito na Ucrânia, a economia russa mostra sinais de resiliência. De acordo com um relatório publicado nesta sexta-feira (13) pelo Instituto Econômico Alemão (IW, na sigla original), as exportações da Rússia cresceram 18% em 2024 em comparação com os níveis de 2021, totalizando cerca de 330 bilhões de dólares em mercadorias comercializadas.

A análise detalhada do instituto — repercutida por veículos internacionais e sustentada em dados oficiais e estimativas — afirma que Moscou “vem explorando com habilidade as brechas do regime de sanções para ampliar seus recursos financeiros”. O estudo adverte que, “apesar de todos os esforços europeus, o cofre de guerra de Putin não está se esvaziando”.

Reorientação para o Sul Global

Os principais destinos das exportações russas são agora potências emergentes do Sul Global, como China, Índia, Turquia e Brasil. O grosso dos produtos exportados continua sendo composto por petróleo, gás natural e outras matérias-primas essenciais. Ainda assim, o relatório aponta que, mesmo dentro da União Europeia, países como Hungria e Eslováquia permanecem entre os “parceiros comerciais mais importantes” da Rússia, evidenciando as limitações práticas das medidas adotadas por Bruxelas.

O documento também sublinha que “os dados preliminares de 2025 indicam pouca mudança nesse cenário”, sinalizando uma continuidade do padrão de crescimento no comércio exterior russo, mesmo com as restrições financeiras impostas pelo Ocidente.

Tentativas fracassadas de isolamento

Desde 2022, Washington, Londres, Bruxelas e aliados adotaram uma série de sanções que atingem o sistema financeiro russo, restringem o comércio com empresas estatais e proíbem importações de energia. Moscou sempre qualificou essas sanções como “ilegítimas e contraproducentes”, e agora parece ter conseguido remodelar suas cadeias comerciais de forma a driblá-las com relativo sucesso.

Em discurso a empresários no mês passado, o presidente russo Vladimir Putin comemorou o desempenho econômico do país, chamando-o de “impressionante”, sobretudo diante de condições “muito difíceis e pouco favoráveis”. Ele ainda citou dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) que colocam a Rússia como a quarta maior economia mundial em paridade de poder de compra (PPP, na sigla em inglês).

Resistência à nova ofensiva americana

Nos Estados Unidos, o senador Lindsey Graham tem liderado uma proposta para aplicar tarifas secundárias de 500% sobre países que continuarem comprando petróleo e gás russos. No entanto, analistas do Instituto Econômico Alemão duvidam que o presidente Donald Trump — que lidera atualmente o Executivo americano — apoie a medida. O relatório também questiona a viabilidade técnica da aplicação de tais tarifas, dado o impacto potencial sobre as relações diplomáticas com nações estratégicas como Índia, Brasil e Turquia.

Na quarta-feira (12), o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, alertou que a imposição de tarifas tão elevadas poderia “prejudicar os esforços diplomáticos em andamento para a resolução do conflito na Ucrânia”.

O fracasso das sanções como instrumento hegemônico

O relatório do Instituto Econômico Alemão escancara uma realidade que começa a ganhar espaço no debate econômico global: o fracasso das sanções unilaterais como instrumento eficaz de pressão geopolítica. Longe de enfraquecer o Estado russo, as restrições ocidentais contribuíram para um reposicionamento estratégico da política externa de Moscou, fortalecendo seus laços com potências não ocidentais e consolidando uma nova arquitetura comercial global.

A tentativa de isolar a Rússia, portanto, parece ter surtido o efeito inverso: em vez de asfixiar sua economia, obrigou o país a construir alternativas viáveis, impulsionando sua autonomia e, ao mesmo tempo, colocando em xeque a eficácia das políticas coercitivas que há décadas servem como ferramenta da hegemonia ocidental.

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