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      China propõe criação de organismo global de cooperação em IA com sede em Xangai

      Iniciativa visa reduzir desigualdades digitais, fortalecer o multilateralismo e criar um marco internacional inclusivo e seguro para o uso da tecnologia

      Vista de Xangai (Foto: Shanghai Daily)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O governo chinês propôs neste sábado (26) a criação de uma organização global de cooperação em inteligência artificial (IA), com sede prevista em Xangai, segundo noticiou a agência estatal Xinhua, em reportagem repercutida pelo jornal Global Times. A iniciativa foi anunciada durante a Conferência Mundial de IA de 2025 e o Encontro de Alto Nível sobre Governança Global da IA, realizados na capital econômica da China.

      De acordo com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, a proposta tem como objetivo “reforçar a governança conjunta da IA pela comunidade internacional” e “acelerar a formação de um arcabouço global com regras amplamente consensuadas que orientem o desenvolvimento e o uso da tecnologia”. Durante seu discurso na cerimônia de abertura do evento, Li destacou: “A China atribui grande importância à governança global da IA e tem promovido ativamente a cooperação multilateral e bilateral, estando disposta a oferecer mais soluções chinesas”.

      Plataforma global para o Sul Global

      O comunicado oficial do governo chinês afirma que a criação do novo organismo responde a um chamado do Sul Global, com a intenção de “reduzir a divisão digital e de inteligência, e promover o desenvolvimento inclusivo e para o bem da IA”. Segundo o texto, a sede da nova organização será “inicialmente localizada em Xangai”, aproveitando a “vantagem pioneira” da cidade nesse setor.

      A proposta prevê que o novo organismo funcione como um bem público internacional. Entre seus objetivos estão facilitar o intercâmbio entre oferta e demanda global, eliminar barreiras à circulação de fatores produtivos entre os países, ampliar o potencial da inteligência artificial e impulsionar o desenvolvimento compartilhado.

      A China pretende ainda utilizar a organização como plataforma para implementar resoluções da ONU, como a que trata do “fortalecimento da cooperação internacional na capacitação em IA”, além de apoiar a “Iniciativa de Capacitação Inclusiva em IA”, voltada principalmente aos países em desenvolvimento.

      Alinhamento multilateral e valorização da soberania

      Outro eixo central da proposta chinesa é promover a convergência entre as estratégias de desenvolvimento, regras de governança e padrões técnicos dos diversos países. A China se compromete a respeitar as diferenças de políticas nacionais, trabalhar pela construção de padrões globais com amplo consenso e garantir que a IA se mantenha alinhada com o progresso civilizacional da humanidade.

      O governo chinês reafirmou ainda o compromisso com os princípios da Carta das Nações Unidas e com a liderança da ONU no campo da governança da inteligência artificial. Segundo o comunicado: “Praticaremos o multilateralismo genuíno com uma postura aberta e inclusiva, buscando ampliar o consenso e promover a cooperação”.

      A proposta convida todos os países interessados a participarem dos trabalhos preparatórios da nova organização, com o objetivo de avançar conjuntamente na governança e na cooperação internacional em IA.

      Visão com características chinesas

      Lu Xiao, vice-diretor do Instituto de Ciência e Desenvolvimento da Academia Chinesa de Ciências, declarou ao Global Times que a proposta demonstra que a China “não é apenas um motor da inovação em IA, mas também um arquiteto indispensável da governança global da tecnologia”.

      Segundo ele, o país defende a construção de um sistema de governança “aberto, justo, eficaz e seguro”, o que responde aos desafios da competição tecnológica global ao mesmo tempo em que reforça a responsabilidade da China como potência comprometida com o desenvolvimento equitativo.

      “Colocar o desenvolvimento e a governança da IA sob a ótica da construção de uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade é a visão da China. Uma visão centrada nas pessoas, na inovação, na harmonia, na segurança e na equidade”, afirmou Lu.

      Próximos passos

      Durante a conferência, foi divulgado um plano de ação para a governança global da inteligência artificial, que deve nortear as etapas futuras da iniciativa. Com a proposta, a China busca não apenas liderar o desenvolvimento tecnológico, mas moldar um modelo de governança inclusivo e ancorado na cooperação multilateral, num momento em que o debate internacional sobre IA se intensifica diante dos riscos éticos, sociais e geopolíticos associados ao seu uso.

      A iniciativa também marca uma resposta estratégica à crescente liderança dos Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, na arena da inteligência artificial, oferecendo uma alternativa que privilegia o diálogo e a integração global.

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