Castro Neves destaca que parceria Brasil-China é vital para enfrentar desafios da transição geopolítica global
Presidente do Conselho Empresarial Brasil-China afirma que cooperação com o país asiático impulsiona inovação, reindustrialização e sustentabilidade
247 – O presidente do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), Luiz Augusto de Castro Neves, abriu a conferência anual da entidade com uma mensagem clara: o mundo vive uma era de transformações aceleradas, e a parceria entre Brasil e China é essencial para lidar com os novos desafios econômicos, tecnológicos e ambientais. “Vivemos um momento de rápidas e profundas transformações geopolíticas”, afirmou Castro Neves. “A busca pela sustentabilidade e os avanços tecnológicos estão no centro da agenda global.”
O evento, realizado sob o tema “Criando sinergias em um mundo em transformação”, reuniu autoridades e empresários de ambos os países, entre eles o embaixador chinês Zhu Qingqiao, a diretora do BNDES Luciana Costa, e o secretário Uallace Moreira, que representou o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Cooperação que vai além do comércio
Em seu discurso, Castro Neves destacou que a relação entre Brasil e China já superou o caráter meramente comercial e passou a ser uma parceria estratégica voltada para inovação, segurança energética e desenvolvimento sustentável.
“A parceria estratégica entre Brasil e China torna-se ainda mais relevante: trata-se de uma relação que tem oferecido e está a oferecer contribuições concretas para enfrentar os desafios de um mundo em transição acelerada”, disse
Segundo ele, a China consolidou-se como o principal parceiro comercial do Brasil, responsável por um superavit acumulado de quase US$ 280 bilhões na última década, o que fortaleceu as reservas internacionais e reduziu a vulnerabilidade externa do país.
Transformação produtiva e tecnológica
Castro Neves ressaltou que, embora as exportações brasileiras para a China ainda estejam concentradas em soja, minério de ferro e petróleo, esses setores vêm incorporando cada vez mais inovação tecnológica. Ele citou o desenvolvimento de técnicas de tropicalização da soja, o briquete de minério de ferro criado pela Vale — que reduz emissões de carbono — e a exploração de petróleo em águas profundas como exemplos de avanços tecnológicos impulsionados pela demanda chinesa.
O dirigente do CEBC lembrou também que o comércio sino-brasileiro já envolve mais de 40 mil empresas brasileiras, gerando cerca de 7 milhões de empregos diretos e indiretos.
Reindustrialização e transição energética
Os investimentos chineses no Brasil também ganharam destaque. Em 2024, o país foi o principal destino de capital produtivo chinês no chamado Sul Global, recebendo mais de US$ 4 bilhões em investimentos — o dobro do registrado no ano anterior.
Esses recursos, segundo Castro Neves, estão concentrados em setores estratégicos, como energias limpas, tecnologias da informação e manufaturas de alto valor agregado.
“A China tem se tornado um vetor importante para a reindustrialização do Brasil, contribuindo para modernizar a economia e impulsionar a transição energética”, afirmou
Ele relacionou esse movimento à política pública Nova Indústria Brasil, que busca fortalecer a produção nacional em áreas como infraestrutura, saneamento, mobilidade sustentável e transformação digital.
Um futuro de integração e inovação
Ao encerrar seu pronunciamento, Castro Neves enfatizou que o papel do CEBC é promover um diálogo cada vez mais qualificado entre os setores público e privado, unindo empresários e acadêmicos em torno de uma agenda de cooperação concreta.
“A conferência busca criar um ambiente de debate para que Brasil e China possam ampliar a cooperação em áreas fundamentais de sua relação”, concluiu.




