Nathalia Urban por Milenna Saraiva

Esta seção é dedicada à memória da jornalista Nathalia Urban, internacionalista e pioneira do Sul Global

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“A China permanece do lado certo da história e se opõe a qualquer hegemonismo”, diz embaixador Zhu Qingqiao

Diplomata defendeu o avanço do Sul Global e reafirmou o compromisso de Pequim com o multilateralismo e o desenvolvimento sustentável

Embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao (Foto: Gigi Meira / CEBC)

247 – O embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, afirmou nesta segunda-feira (13), em São Paulo, que a China está do lado certo da história e que se opõe firmemente a qualquer forma de hegemonismo e intimidação internacional. O discurso foi feito na abertura da Conferência Anual do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC). “A China permanece firmemente ao lado certo da história e opõe-se resolutamente às práticas de hegemonismo e intimidação e às tendências de desglobalização”, declarou o diplomata, em defesa da multipolaridade e da cooperação internacional.

O embaixador afirmou que o mundo vive mudanças sem precedentes, em meio a “turbulências e transformações”, mas ressaltou que a tendência histórica de paz, desenvolvimento e benefício mútuo é irresistível.

O avanço do Sul Global e o fim da era da dominação

Em seu discurso, ele destacou o fortalecimento do Sul Global como um dos fenômenos mais significativos do século 21, com países em desenvolvimento assumindo um papel central na construção de uma nova ordem internacional.

Zhu Qingqiao também lembrou que a ampliação dos BRICS marcou um ponto de virada no equilíbrio global, impulsionando “um mundo multipolar mais justo e uma globalização econômica inclusiva e benéfica para todos”. Ele afirmou ainda que a China rejeita a lógica de confronto e de soma zero e seguirá comprometida com o multilateralismo, o livre comércio e o aperfeiçoamento da governança global. Segundo ele, a recente decisão de Pequim de abrir mão de privilégios nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) demonstra a disposição do país em liderar pelo exemplo.

Parceria sino-brasileira como modelo de cooperação

O embaixador destacou a profundidade e a estabilidade da relação entre China e Brasil, que considera uma referência para a cooperação entre países do Sul Global. “Como os maiores países em desenvolvimento do Hemisfério Oriental e Ocidental, China e Brasil compartilham aspirações comuns pela paz, desenvolvimento e benefício mútuo”, afirmou.

Zhu ressaltou que a sinergia entre as duas nações se fortalece por meio da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN) e pela integração entre a Iniciativa do Cinturão e Rota, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o plano Nova Indústria Brasil.

Segundo ele, essa integração se traduz em avanços concretos em infraestrutura, inovação tecnológica, transição energética e cooperação financeira, incluindo o uso de moedas locais e a emissão de “Panda Bonds”.

Comércio, tecnologia e transição verde

Zhu Qingqiao observou que a China é o maior parceiro comercial do Brasil há mais de uma década, e que as exportações brasileiras ultrapassaram US$ 100 bilhões anuais desde 2023. Ele destacou o aumento recente das vendas de café, carne bovina e soja ao mercado chinês, além do crescimento dos investimentos chineses em veículos elétricos, delivery, energia e infraestrutura.

A cooperação tecnológica também ganha força, com centros conjuntos de pesquisa em inteligência artificial, agricultura moderna e economia digital. O diplomata mencionou projetos como o Centro de Cooperação para Aplicações de Inteligência Artificial e o Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS), que tem papel importante no monitoramento ambiental.

“A China apoiará plenamente o Brasil na organização da COP30, ajudando o país a deixar uma distinta marca brasileira na agenda climática global”, disse Zhu.

“Mais firmeza em tempos turbulentos”

Encerrando sua fala, o embaixador citou o presidente Xi Jinping, para quem a liderança e a cooperação são ainda mais necessárias em tempos de incerteza global.

“Quanto mais tumultuosos sejam os tempos, mais devemos permanecer na vanguarda com firmeza”, afirmou Zhu, ao destacar que a cooperação sino-brasileira é um exemplo de benefício mútuo e solidariedade entre os países do Sul Global.

O diplomata concluiu dizendo que China e Brasil devem seguir aprofundando a sinergia de suas estratégias de desenvolvimento, estimulando a inovação e priorizando projetos sustentáveis e de alto impacto social, voltados ao bem-estar das populações de ambos os países.

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