BRICS e Organização de Cooperação de Xangai vão terminar se unindo, diz Pepe Escobar
Analista avalia que encontros em Tianjin e Vladivostok consolidam a parceria estratégica Rússia-China e reforçam a construção da ordem multipolar
247 – A integração entre os BRICS e a Organização de Cooperação de Xangai (OCX) é um processo inevitável. A análise é do jornalista e analista geopolítico Pepe Escobar, em seu programa Pepe Café, transmitido em seu canal no YouTube assista aqui. Segundo ele, os encontros desta semana em Tianjin e Vladivostok consolidam a parceria estratégica entre Rússia e China e apontam para a formação de uma nova ordem multipolar.
Escobar destacou que a cúpula da OCX, em Tianjin, e o Fórum Econômico do Leste, em Vladivostok, são espaços decisivos para a coordenação entre os dois blocos. “Mais cedo ou mais tarde, BRICS e Organização de Cooperação de Xangai vão terminar se unindo. É o mesmo trem-bala deslizando pela mesma ferrovia”, afirmou.
Tianjin: aproximação entre China e Índia
O analista enfatizou a importância da presença de Vladimir Putin, Xi Jinping, Narendra Modi e do presidente iraniano na cúpula de Tianjin. Para ele, o recente “reset” nas relações entre China e Índia fortalece não apenas os BRICS, mas também a OCX. “Na mesa estarão juntos, conversando face a face, em nível de decisão suprema, Putin, Xi, Modi e o presidente iraniano. Isso é extraordinário”, disse Escobar.
Vladivostok: investimentos e desenvolvimento do Ártico
No dia 3 de setembro começa em Vladivostok o Fórum Econômico do Leste, onde o presidente Putin deve anunciar novos investimentos estratégicos no Ártico e no Extremo Oriente russo. Escobar destacou que a parceria com a China é central para esse processo, especialmente na construção da Rota da Seda do Ártico, vista como alternativa ao Canal de Suez.
Segundo o analista, a estratégia russa espelha a campanha chinesa “Go West”, de 1999, que levou desenvolvimento das regiões costeiras para o interior do país.
Pressões sobre os Estados Unidos
Pepe Escobar também comentou a possibilidade de retomada dos investimentos da ExxonMobil na Sibéria, suspensos devido às sanções. A negociação cria pressão sobre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, interessado em explorar oportunidades no Ártico.
“Trump é um narciso preso em seu próprio labirinto”, avaliou o analista, lembrando que Putin estaria oferecendo ao líder norte-americano uma “boia salva-vidas” diante do impasse da guerra na Ucrânia e da busca desesperada por uma vitória política.
Caminho multipolar
Para Escobar, os acontecimentos em Tianjin e Vladivostok refletem a consolidação de um projeto maior de integração euroasiática e de fortalecimento do Sul Global. “Os BRICS e o Sul Global estão no meio de todo esse novelo de nós entrelaçados que concerne a todos nós”, disse.
Segundo ele, a cooperação crescente entre BRICS e OCX marca um passo essencial rumo a uma nova arquitetura multipolar capaz de enfrentar as pressões do chamado “Império do Caos”. Assista: