Nathalia Urban por Milenna Saraiva

Esta seção é dedicada à memória da jornalista Nathalia Urban, internacionalista e pioneira do Sul Global

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Africanos lançam campanha global para corrigir distorções históricas em mapas

Movimento pede substituição da projeção de Mercator pela Equal Earth, que mostra a verdadeira proporção dos continentes

Continente africano (Foto: Gerada por IA/DALL-E)

247 - Uma iniciativa batizada de “Corrija o Mapa” busca pôr fim a séculos de distorções cartográficas que, segundo os organizadores, diminuem a importância do continente africano no imaginário global. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (20) pela Sputnik África.A campanha, liderada pelas organizações Africa No Filter e Speak Up Africa, com o apoio da União Africana (UA), denuncia que a tradicional projeção de Mercator, criada no século XVI, privilegia a Europa e a América do Norte, inflando suas dimensões, enquanto reduz de forma drástica o tamanho real da África. O movimento pede a adoção imediata da projeção Equal Earth, desenvolvida em 2018, que apresenta os continentes em suas proporções corretas.

A disputa pela representação do espaço geográfico

A projeção de Mercator foi criada em 1569 por Gerardus Mercator, um cartógrafo flamengo, com a finalidade de facilitar a navegação marítima. Contudo, ao longo dos séculos, o modelo acabou se consolidando como o padrão nos mapas escolares e oficiais, o que, para especialistas, reforça uma visão eurocêntrica e colonial do mundo.Já o modelo Equal Earth busca corrigir essa distorção, mostrando o real tamanho da África e da América do Sul, que aparecem muito menores do que são de fato quando comparados com a Europa e a América do Norte nos mapas tradicionais.

O protagonismo africano no debate

Em entrevista à Sputnik África, Fara Ndiaye, cofundadora da Speak Up Africa, no Senegal, destacou a importância de resgatar a verdadeira dimensão do continente.

“A África está entrando em uma era decisiva. É o continente mais jovem e de crescimento mais rápido e em breve abrigará um quarto da população mundial. Ela precisa ser vista em sua verdadeira escala e não minimizada”, afirmou.

A iniciativa conta também com campanhas digitais e materiais educativos que pretendem conscientizar escolas, universidades e meios de comunicação sobre os impactos de se perpetuar uma cartografia distorcida.

Um mapa como instrumento de poder

Segundo os organizadores, o debate não é apenas técnico, mas também político e cultural. Mapas sempre foram utilizados como ferramentas de dominação e influência, e a insistência em manter a projeção de Mercator como padrão é vista como uma herança direta da colonização.

Com o movimento “Corrija o Mapa”, os grupos africanos esperam que governos, instituições de ensino e plataformas globais de tecnologia passem a adotar projeções mais justas, contribuindo para uma percepção mundial que reflita melhor a importância geopolítica e cultural da África no século XXI.

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