Metanol adulterado: Padilha alerta para crime nacional e pede cautela com destilados
Ministro da Saúde alerta para risco nacional e recomenda evitar bebidas destiladas após mais de cem casos suspeitos de intoxicação
247 – Apesar de mais de cem casos suspeitos de intoxicação por metanol já registrados em seis estados, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que não houve falha na fiscalização sanitária. Segundo ele, foram justamente os órgãos de vigilância que permitiram a identificação rápida da crise. As declarações foram feitas em entrevista ao jornal O Globo.
Padilha reforçou que as investigações apontam para um crime deliberado e não para falhas de controle. “Houve crime cometido por criminosos que colocaram as pessoas em risco. A ação da vigilância permitiu que nós rapidamente identificássemos o crescimento de casos e desencadeássemos ações no combate desse crime”, declarou.
Organização criminosa e atuação nacional
O ministro não descartou a hipótese de uma organização criminosa com atuação nacional ou interestadual por trás da adulteração de bebidas. A Polícia Federal já acompanha o caso para apurar as conexões entre os registros em diferentes estados. “Sempre trabalhamos com a hipótese de ter uma ação criminosa nacional ou interestadual. As investigações da PF vão poder detalhar, ao final, se existe correlação entre um estado e outro”, afirmou.
Estoque de medicamentos e busca por alternativas
Padilha garantiu que há estoques suficientes de etanol farmacêutico — principal insumo usado no tratamento de intoxicações — distribuídos em 609 farmácias públicas em todo o país. O ministro destacou que o governo já fez compras emergenciais para suprir a demanda.
Ainda assim, o Ministério da Saúde corre atrás do fomepizol, substância pouco disponível no mercado internacional, mas que pode apresentar vantagens no manejo clínico de alguns casos. “Não tem registro no Brasil porque nunca nenhuma empresa buscou registrar esse produto aqui”, explicou.
Orientações à população
O ministro recomendou que, até que as investigações sejam concluídas, os brasileiros evitem o consumo de bebidas destiladas. “A olho nu, ninguém vai saber se aquele destilado foi adulterado ou não. Minha recomendação é que as pessoas evitem”, alertou.
Ele reforçou que cerveja e vinho não apresentam risco de adulteração semelhante, devido às características de envase. No caso atual, segundo Padilha, trata-se de adulteração após a saída da fábrica, feita por criminosos para obter ganho econômico.
Situação em expansão
De acordo com dados da sala de situação do Ministério da Saúde, até a tarde desta sexta-feira (3) já eram 113 casos notificados, entre suspeitos e confirmados. Além de São Paulo, surgiram casos em Mato Grosso do Sul, Paraná e Bahia. A tendência, segundo Padilha, é de aumento nas notificações nas próximas semanas.
“Toda a ação do ministério tem sido de reforçar aos profissionais de saúde a notificação imediata, a partir das primeiras suspeitas clínicas e epidemiológicas, e começar a conduta com o etanol farmacêutico”, disse o ministro.
Perspectiva pós-crise
Padilha adiantou que o episódio levará à criação de novos estoques estratégicos e ao fortalecimento da rede de referência em toxicologia no país. “Essa situação anormal sempre reforça a sensibilidade dos profissionais de saúde para lidar com casos como esse”, observou.
Enquanto as investigações avançam, o governo reforça que a prioridade é proteger a população e punir os responsáveis. “Acreditamos no papel das forças de segurança para evitar crimes como esse”, concluiu o ministro.