Padilha anuncia ações estratégicas para tratar intoxicação por metanol
Ministro detalha medidas emergenciais e preventivas, incluindo aquisição de antídotos e criação da Sala de Situação para monitorar casos
247 – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou nesta quinta-feira (2/10) um conjunto de ações estratégicas para enfrentar os casos de intoxicação por metanol associados ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. A notícia foi divulgada pela Agência Gov neste link. As medidas incluem a formação de estoques de antídotos, articulação internacional para aquisição de medicamentos e o funcionamento da Sala de Situação, criada para monitorar e coordenar a resposta nacional.
Durante a reunião que marcou a instalação da Sala de Situação, Padilha enfatizou a integração entre União, estados e municípios. “Quero reafirmar aqui o total alinhamento e sintonia do trabalho do Sistema Único de Saúde com os estados e municípios, da Anvisa com as vigilâncias estaduais, e o pleno funcionamento desse fluxo de informações”, destacou.
Estoques de antídotos e compra emergencial
Entre as novas ações, o Ministério da Saúde estruturou, em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), um estoque estratégico de 4.300 ampolas de etanol farmacêutico, distribuídas em hospitais universitários e serviços do SUS. Além disso, está em andamento a compra emergencial de 5 mil tratamentos adicionais, para reposição e distribuição conforme necessidade regional.
Outra medida envolve a busca de acesso ao fomepizol, medicamento específico para tratar intoxicação por metanol, ainda indisponível no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou chamada pública para identificar fornecedores internacionais, após solicitação do Ministério da Saúde. Paralelamente, a pasta oficializou à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) o pedido imediato de 100 tratamentos em doação e manifestou intenção de adquirir mais 1.000 unidades via Fundo Estratégico da Opas.
“Os pedidos e compras de antídotos que estamos fazendo são por precaução. Nos últimos anos, não ultrapassamos 20 casos por ano, mas temos observado um registro maior no estado de São Paulo. Essas são medidas preventivas do Ministério da Saúde”, afirmou Padilha.
Casos notificados e alertas à população
O Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) registrou até o momento 59 casos suspeitos de intoxicação por metanol, sendo 53 em São Paulo (11 confirmados e 42 em investigação), cinco em Pernambuco e um no Distrito Federal. Há ainda um óbito confirmado e sete em investigação.
O ministro reforçou recomendações básicas à população: “Reforçamos três recomendações fundamentais ao consumir bebidas alcoólicas: se beber, não dirija; mantenha-se alimentado e hidratado antes e durante o consumo; e, principalmente, certifique-se da origem da bebida. É essencial saber de onde ela vem. Se estiver em um bar, não aceite bebidas de desconhecidos e tente verificar a procedência. Isso é ainda mais importante neste momento”.
Sala de Situação e coordenação nacional
A Sala de Situação funcionará três vezes por semana, às segundas, quartas e sextas, sempre das 10h às 11h, reunindo representantes dos ministérios da Saúde, Justiça e Segurança Pública, Agricultura e Pecuária, além da Anvisa, conselhos de saúde e secretarias estaduais de São Paulo e Pernambuco. O objetivo é monitorar sistematicamente os casos e coordenar as medidas de resposta enquanto persistirem riscos sanitários.
Diagnóstico e produção nacional
Para reforçar a capacidade diagnóstica, a Rede Nacional de Laboratórios de Vigilância Sanitária (RNLVISA) mobilizou três unidades aptas a análises imediatas: o Laboratório Central de Saúde Pública do DF (LACEN-DF), o Laboratório Municipal de São Paulo e o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz).
A Anvisa também identificou 604 farmácias de manipulação aptas a produzir etanol farmacêutico, que poderão atender demandas locais em todas as capitais do país.
Atendimento e orientação à população
Casos suspeitos de intoxicação devem ser registrados imediatamente por profissionais de saúde, sem necessidade de confirmação laboratorial prévia, o que já ampliou as notificações em São Paulo e permitiu identificar ocorrências em outros estados. Para esclarecimentos, o telefone 0800 642 9782 da Anvisa funciona de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 19h30.
O Brasil conta ainda com 32 Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox), que oferecem diagnóstico, manejo clínico e apoio em toxicovigilância.
