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Inteligência artificial revoluciona diagnósticos e redefine futuro da medicina

Para a cardiologista Ludhmila Hajjar, IA já acelera diagnósticos, reduz erros e otimiza recursos na saúde

Ludhmila Hajjar (Foto: Reprodução/YouTube/TV LIDE)

247 - A inteligência artificial está se consolidando como uma das maiores aliadas da medicina moderna, tanto no diagnóstico quanto na gestão de recursos hospitalares. O tema foi abordado pela médica cardiologista Ludhmila Hajjar nesta terça-feira (30), durante o Brasília Summit, evento promovido pelo grupo LIDE para debater a revolução tecnológica no país e seus impactos no desenvolvimento nacional.

Segundo Hajjar, o avanço da IA representa uma resposta direta a desafios urgentes, como o envelhecimento populacional e a crescente complexidade das doenças crônicas. “Esse é um fenômeno que veio para ficar, para ampliar a segurança das nossas atividades médicas e para levar uma medicina de maior eficiência e de mais justiça social”, afirmou.

Diagnósticos mais rápidos e precisos

Entre os pontos destacados por Ludhmila Hajjar está o impacto da IA em doenças tempo-dependentes, como infarto, AVC e câncer. Enquanto o ser humano está sujeito a falhas, algoritmos de aprendizado de máquina oferecem maior precisão em análises de exames de imagem, ultrassons e tomografias. “Nós erramos mais ao fazer ultrassom e diagnosticar do que as ferramentas de inteligência artificial. Então, por que não nos aliar a essas ferramentas para que a acurácia diagnóstica aumente?”, questionou a cardiologista.

Ela ressaltou ainda que sistemas de IA já conseguem processar extensos painéis de exames laboratoriais, reduzindo a margem de erro humano de 70% para cerca de 5%. Essa precisão garante diagnósticos mais confiáveis e decisões clínicas mais rápidas, fator essencial em situações de emergência.

Avanços na pesquisa clínica

Outro campo revolucionado é a pesquisa de novos medicamentos. Tradicionalmente, o desenvolvimento de um fármaco leva ao menos dez anos. Com modelos de simulação baseados em inteligência artificial, esse período pode cair para dois ou três anos. 

O Brasil já acompanha esses avanços e conta com órgãos reguladores como a Anvisa e a Conitec, que trabalham em processos de aprovação. Ainda assim, a médica destacou que a IA já consegue reduzir o tempo de análise de um a dois anos para apenas meses, sem comprometer a segurança.

Exemplos internacionais e iniciativas no Brasil

Hajjar citou como exemplo global de integração tecnológica o modelo chinês Trinity, que engloba medicina diagnóstica preditiva, sistemas inteligentes de monitoramento de pacientes e gestão hospitalar automatizada. Na prática, isso significa detectar alterações antes de uma parada cardiorrespiratória, antecipar diagnósticos e reduzir custos operacionais.

No Brasil, um marco recente é a aprovação do Instituto Tecnológico de Medicina Inteligente, que será construído em parceria com a Universidade de São Paulo, o governo federal, o Banco dos BRICS e o governo paulista. O hospital, previsto para iniciar obras em 2026, funcionará 100% pelo SUS e deverá servir como modelo replicável em todo o país.

Complemento, não substituição

Apesar dos avanços, Ludhmila Hajjar reforçou que a IA deve ser vista como parceira, e não como substituta da prática médica. “Nós deveremos ser aliados da inteligência artificial. Nós não seremos substituídos. Nós teremos o nosso trabalho incrementado”, afirmou.

A médica destacou ainda que, embora a tecnologia supere o ser humano em precisão diagnóstica, a essência da medicina — baseada na empatia, no cuidado e na comunicação — continua insubstituível. “A medicina ainda é a essência e a arte”, concluiu.

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