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Ação inédita vai incentivar a doação de órgãos e reverter recusa de 45% das famílias

Ministério da Saúde lança programa para qualificar profissionais, ampliar transplantes e salvar mais vidas no Brasil

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva - 14/08/2025 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

247 – O Brasil atingiu no primeiro semestre de 2025 o maior número de transplantes da sua história, com 14,9 mil procedimentos realizados. Apesar do crescimento de 21% em relação a 2022, quase metade das famílias brasileiras ainda recusa a doação de órgãos. Para enfrentar esse desafio, o Ministério da Saúde lançou uma ação inédita que busca fortalecer o diálogo nos hospitais e incentivar mais doações. As informações foram divulgadas pela Agência Gov.

Durante a cerimônia realizada no Hospital do Rim, em São Paulo, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou a importância de qualificar os profissionais que abordam famílias em um momento delicado e de dor. “A principal mensagem que queremos passar às famílias é a segurança e a seriedade do Sistema Nacional de Transplantes, reconhecido mundialmente. Quando um profissional de saúde aborda uma família, ele carrega esse reconhecimento e atua dentro de um sistema sólido e seguro. Ao mesmo tempo, reforçamos a importância de o doador manifestar à família o desejo de doar. Esse gesto, mesmo em um momento de dor, pode salvar a vida de três ou quatro pessoas e manter viva a memória do ente querido”, afirmou.

PRODOT: incentivo às equipes hospitalares

O Programa Nacional de Qualidade na Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (PRODOT) vai reconhecer e valorizar as equipes que atuam diretamente na identificação de potenciais doadores, logística e sensibilização de famílias. Pela primeira vez, haverá incentivos financeiros baseados no desempenho, no volume de atendimentos e no aumento de doações.

O PRODOT faz parte de um pacote de investimentos de R$ 20 milhões por ano no Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Desse total, R$ 13 milhões serão destinados à inclusão de novos procedimentos, como transplantes de membrana amniótica em casos graves de queimaduras e transplante multivisceral para pacientes com falência intestinal. Outros R$ 7,4 milhões vão diretamente para o programa de incentivo às equipes hospitalares.

Campanha nacional “Você diz sim, o Brasil inteiro agradece”

Com mais de 80 mil pessoas aguardando por um transplante no país, a campanha lançada pelo Ministério da Saúde neste mês enfatiza a importância de manifestar à família a decisão de doar órgãos. O mote é claro: “Doação de órgãos. Você diz sim, o Brasil inteiro agradece. Converse com a sua família, seja um doador.”

A campanha traz depoimentos reais, como o de uma mãe que autorizou a doação dos órgãos do filho, além de relatos de profissionais da saúde envolvidos em cada etapa do processo — desde o acolhimento das famílias até o transplante.

Política Nacional de Doação e Transplantes

O evento também marcou a assinatura da portaria que cria a Política Nacional de Doação e Transplantes (PNDT), a primeira regulamentação específica desde a criação do sistema em 1997. A nova política organiza os princípios do SNT, reforçando ética, transparência, anonimato e gratuidade no acesso aos procedimentos pelo SUS.

Segundo Alexandre Padilha, a redistribuição macrorregional dos órgãos permitirá maior eficiência logística e garantirá transplantes em regiões que ainda realizam menos procedimentos. “A nova Política e o Regulamento Técnico representam um avanço importante para o Sistema Nacional de Transplantes”, disse o ministro.

Avanços no SUS e novas tecnologias

A regulamentação inclui transplantes de intestino delgado e multivisceral, agora oferecidos integralmente pelo SUS em centros especializados de São Paulo e Rio de Janeiro, com expectativa de expansão. O uso de membrana amniótica passa a ser rotina no tratamento de queimados, beneficiando mais de 3,3 mil pessoas por ano.

Entre as inovações também estão:

  •  Prova cruzada virtual para avaliar compatibilidade imunológica de forma remota, reduzindo riscos e acelerando procedimentos;
  •  Critérios de priorização para pacientes hipersensibilizados, diminuindo o tempo de espera para transplantes renais;
  •  Reajuste de 400% na diária de reabilitação intestinal, de R$ 120 para R$ 600;
  •  Incorporação do teste de quimerismo em transplantes de medula óssea, que monitora rejeição via análise de DNA.

Liderança mundial

O Brasil é o terceiro país do mundo em número absoluto de transplantes, atrás apenas de Estados Unidos e China. Porém, lidera como o maior sistema público de transplantes do planeta, garantindo gratuidade integral pelo SUS.

Com os novos investimentos, o governo busca não apenas aumentar a quantidade de transplantes, mas também reduzir as desigualdades regionais e oferecer mais segurança, agilidade e acolhimento às famílias em um momento decisivo.

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