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Padilha projeta novo SUS pós-pandemia com foco na redução das filas de espera

Ministro aposta no programa Agora Tem Especialistas para agilizar consultas e promete transparência na fila do SUS

Alexandre Padilha (Foto: Ministério da Saúde)

247 - O ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo que está conduzindo o que chama de construção de um “SUS pós-pandêmico”. Segundo ele, o sistema público de saúde, que nesta sexta-feira (19) completa 35 anos, precisa passar por um redesenho institucional para enfrentar os desafios atuais e futuros.

Entre os pilares desse processo, Padilha destacou o programa Agora Tem Especialistas, criado com o objetivo de reduzir o tempo de espera por consultas especializadas. De acordo com o ministro, a iniciativa reúne esforços das redes pública e privada e deve se consolidar como um dos principais trunfos eleitorais do governo Lula em 2026. “O Agora Tem Especialistas é a maior mobilização da saúde pública e privada que vai redesenhar a atenção especializada no nosso país”, afirmou.

Foco em resultados imediatos

A estratégia prevê a conversão anual de R$ 1,3 bilhão em dívidas das operadoras de planos de saúde em atendimentos no SUS. Padilha defende que, sem a parceria com o setor privado, seria impossível atender às demandas da população no ritmo necessário. “Se pegasse esse volume de recursos, colocasse no orçamento, e tentasse fazer o atendimento através das estruturas estatais, não conseguiria o resultado na velocidade que a população precisa”, declarou.

Novos desafios do sistema

O ministro também citou outros eixos de transformação: fortalecer a atenção primária, preparar o sistema para futuras pandemias e enfrentar os impactos das mudanças climáticas na saúde. Essas medidas ganham relevância diante do envelhecimento da população brasileira e do aumento dos casos de doenças crônicas, como câncer e obesidade.

No entanto, Padilha reconheceu obstáculos no financiamento, principalmente devido às emendas parlamentares que, segundo a Folha revelou em agosto, absorvem grande parte do orçamento discricionário da pasta. No último ano, 44% dos recursos, somando R$ 25 bilhões, foram direcionados por deputados e senadores. “Vejo isso com um dado da realidade”, disse. O ministro ressaltou que sua missão é garantir que os recursos sejam aplicados nas prioridades do Plano Nacional de Saúde.

Transparência e descentralização

Uma das novidades do programa é a Medida Provisória que permite ao ministério atuar diretamente em estados e municípios, rompendo com a lógica tradicional de apenas repassar verbas às secretarias locais. Além disso, está em desenvolvimento um painel de consultas que permitirá ao cidadão acompanhar em tempo real a posição na fila. “Nós vamos fazer esse processo de integração a partir da medida provisória. Hoje, dos 27 estados, 25 já informam a sua situação”, explicou.

Críticas e comparações

Padilha rebateu as críticas sobre o uso de parcerias público-privadas como solução. “Nasci para ver pessoas criticando parcerias público-privadas. Nunca vi pessoas que fazem essa crítica criticar quando um governo faz uma parceria para construir uma obra que não vai estar no orçamento. Para isso pode, e para cuidar das pessoas não pode?”, questionou.

Compromisso até 2026

O ministro assegurou que pretende permanecer no cargo até o fim do governo Lula. “Estou dedicado a reduzir o tempo de espera da população, a derrotar os negacionistas contra a vacina, fazer um grande trabalho no Ministério da Saúde. É nisso que eu estou dedicado, é nisso que eu estou pensando nesse momento”, disse.

A iniciativa Saúde Pública, que conta com apoio da associação civil Umane, também deve contribuir para consolidar o conjunto de mudanças proposto pela pasta e reforçar o papel do SUS como principal rede de proteção da saúde no Brasil.

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