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Rio de Janeiro quer se tornar o novo Vale do Silício da América do Sul

Projeto de US$ 65 bilhões quer fazer da capital fluminense um dos dez maiores polos de data centers do mundo

Rio de Janeiro (Foto: DIVULGAÇÃO)

247 - Em maio de 2023, o presidente da OpenAI, Sam Altman, iniciou uma jornada global para expandir os horizontes da inteligência artificial (IA). O primeiro destino foi o Rio de Janeiro, cidade que, segundo ele, reúne as condições ideais para o avanço tecnológico. Aos 40 anos, o empresário estadunidense, que abandonou Stanford no segundo ano, é conhecido por sua crença em “aprender fazendo” — uma filosofia que agora inspira o futuro da capital fluminense.

Nesta linha, segundo reportagem do jornalista Coriolano Gatto, da revista Exame, o Rio de Janeiro prepara um salto histórico rumo à economia digital. “O Rio já é a capital da energia com a sede da Eletrobras e agora quer ficar conhecida como uma verdadeira fábrica de inteligência”, afirmou o vice-prefeito Eduardo Cavaliere, de 31 anos, que assumirá o comando da cidade em abril, quando Eduardo Paes deixará o cargo para disputar o governo do estado

Um projeto bilionário e ambicioso

O Rio AI City é o centro da estratégia. O plano prevê US$ 65 bilhões em investimentos nos próximos oito anos, com a construção de data centers na Barra da Tijuca e supercomputadores da Nvidia no Porto Maravalley, na Zona Portuária. A meta é atingir 3,2 gigawatts (GW) de capacidade energética — mais do que o consumo atual de toda a cidade.

O objetivo é posicionar o Rio entre os dez maiores polos de data centers do planeta, aproveitando sua infraestrutura energética e localização estratégica. Segundo Cavaliere, entre as 40 cidades preferidas das big techs, o Rio se destaca pela proximidade dos centros consumidores e pela disponibilidade de energia limpa.

Gigantes tecnológicas e energia sustentável

Empresas como Google Labs, Oracle, Amazon, Elea Data Centers e Nvidia já participam do projeto, e novas parcerias estão em negociação — inclusive com a própria OpenAI. A Elea será responsável pelos chamados “galpões tecnológicos”, que abrigarão supercomputadores de última geração.

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Osmar Lima, destaca que o êxito do projeto depende da integração entre o setor público e privado. “O que esperamos, já para a metade de 2026, é iniciar o empreendimento com a intenção de reter talentos na cidade do Rio. Por ano, formamos 1.300 profissionais na área tecnológica, o que, proporcionalmente, é maior do que em São Paulo”, disse.

Formação de talentos e inovação acadêmica

A iniciativa, segundo a reportagem, prevê a criação de 10 mil empregos de alta qualificação para cada 100 MW de energia gerada. O projeto contará com a parceria de universidades como UFRJ, UFF, UERJ, Universidade Rural, PUC-Rio e FGV, que prepara um novo programa de inovação.

O IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada) também será protagonista, por meio do IMPA Tech, que formará anualmente 100 alunos especializados em Matemática da Tecnologia e Inovação.

Infraestrutura e desafios pela frente

O Rio já dispõe de cabos submarinos instalados para os Jogos Olímpicos de 2016, conectando a cidade a todos os continentes e garantindo velocidade e estabilidade no tráfego de dados. Além disso, a capital abriga a maior empresa do mundo em energia limpa, reforçando seu potencial sustentável.

No entanto, especialistas apontam que o sucesso do projeto dependerá de avanços na segurança pública e na infraestrutura urbana, fatores decisivos para atrair empresas e profissionais de tecnologia de todas as partes do mundo.

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