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Radicalização de Tarcísio aumenta rejeição para 2026

Governador de São Paulo aproxima-se de pautas bolsonaristas, mas pesquisas apontam que estratégia pode afastar eleitores em 2026

Michelle Bolsonaro e Tarcísio de Freitas (Foto: Reuters/Amanda Perobelli)

247 - A guinada bolsonarista adotada por Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, tem gerado alertas de analistas sobre os riscos de uma crescente rejeição e do afastamento de eleitores insatisfeitos com a polarização política. Em recentes levantamentos realizados por institutos de pesquisa como Datafolha, Genial/Quaest e Ipsos-Ipec, uma tendência de insatisfação com temas como o tarifaço imposto pelo governo dos Estados Unidos e o debate sobre a anistia a envolvidos na tentativa de golpe de 2022, que Tarcísio tem se aproximado, já começa a aparecer no cenário político. O governador busca, com esses gestos, consolidar-se como a opção bolsonarista nas eleições presidenciais de 2026, o que, para analistas, pode ser um movimento arriscado, relata o jornal O Globo.

Embora o apoio de Jair Bolsonaro (PL) seja considerado essencial para Tarcísio, a estratégia do governador gera um distanciamento do centro político e amplia a polarização. “Ele não precisava desse posicionamento para crescer no eleitorado da direita. Fez isso para crescer no coração da família Bolsonaro, mas acredito que errou na dose e abriu um contencioso político-institucional que não lhe é favorável”, afirma Antonio Lavareda, diretor do Ipespe e cientista político.

Em levantamento recente do Ipespe, Tarcísio foi identificado como o “principal representante da direita”, ficando atrás apenas de Bolsonaro, com 14% das intenções de voto, mais do que figuras como Romeu Zema (Novo), Ratinho Jr. (PSD) e Ronaldo Caiado (União). Contudo, Lavareda acredita que o governador deveria “fazer um movimento mais ao centro” para ampliar sua base eleitoral, ao invés de se aprofundar em uma retórica extremista. O desafio para Tarcísio é equilibrar essa estratégia sem alienar os eleitores mais moderados.

Em contraponto, pesquisa da Quaest de setembro deste ano mostra que a maioria dos eleitores de direita prefere uma candidatura da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, também filiada ao PL, em 2026, o que sinaliza uma possível rejeição ao modelo proposto por Tarcísio.

Marcia Cavallari, diretora do Ipsos-Ipec, também comenta a crescente insatisfação do eleitorado com a polarização política. Cavallari destaca que a estratégia de Tarcísio, ao se alinhar a esse tipo de discurso, carrega o risco de se associar a essa rejeição: “O eleitorado pende hoje para a direita, mas não para a mais radical. Não necessariamente todos que estão insatisfeitos com a democracia defendem essa visão mais deturpada, que foi verbalizada por Tarcísio, do que é o equilíbrio entre Poderes previsto na Constituição”.

A postura de Tarcísio, ao abraçar ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), reflete a insatisfação de uma parte da população com o funcionamento das instituições, mas também pode isolar o governador na base mais radical dos bolsonaristas. 

Além disso, o governador se envolveu recentemente em discussões sobre a anistia a Bolsonaro e seus aliados no golpe de 2022, uma pauta que tem gerado polêmica, especialmente entre os eleitores mais moderados. Dados da pesquisa Datafolha, de julho, indicam que 61% dos eleitores rejeitam a ideia de eleger um presidente que apoie a anistia a Bolsonaro, enquanto levantamento da Quaest revela que até a direita não bolsonarista se opõe à retaliação imposta pelos Estados Unidos ao Brasil. Em julho, a postura de Tarcísio, ao hesitar em criticar o governo dos Estados Unidos e sua relação com o presidente Donald Trump, foi vista como um desgaste para sua imagem.

Marcelo Vitorino, marqueteiro de campanhas nacionais do PSDB, acredita que temas como o tarifaço e os ataques ao STF podem perder força até 2026, mitigando os eventuais desgastes causados por essas ações de Tarcísio. Porém, ele alerta que as movimentações do governador, ao se posicionar contra o governo Lula, parecem ser estratégias mais voltadas para o curto prazo. 

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