PSB posiciona Márcio França como adversário de Tarcísio em SP
Ministro do Empreendedorismo lidera críticas ao pedágio “free flow” e mira disputa pelo governo paulista em 2026
247 - O PSB em São Paulo escalou o ministro do Empreendedorismo, Márcio França, para ser o principal porta-voz das críticas à gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) nas propagandas partidárias que começam a ser exibidas no rádio e na TV nesta quinta-feira (9). A movimentação reforça a estratégia da sigla de posicionar França como possível candidato ao governo paulista em 2026, num momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o PT ainda não definiram o nome que representará o campo governista na disputa.
Segundo o jornal O Globo, a avaliação interna do PSB é de que o desgaste de Tarcísio com o tema dos pedágios pode abrir espaço para uma candidatura competitiva do ministro.
Durante o programa partidário, França fará críticas diretas à política de concessões do governador e ao novo sistema de pedágio automático implantado nas estradas estaduais, o “free flow”. “A novidade agora nas estradas de SP tem um nome super chique, em inglês, o ‘free flow’. É um pedágio sem cabine e sem opção. Passou, pagou. Em bom português, você nem vê de onde vem a pancada. É assim que o Tarcísio trata o cidadão comum (...). Desconto só para os empresários amigos”, dirá o ministro na peça publicitária.
O sistema, que elimina as cabines de cobrança e cobra o valor proporcional à distância percorrida, começou a funcionar nesta semana em trechos como o da rodovia Raposo Tavares. Apesar das críticas, o modelo também está sendo adotado em rodovias federais sob responsabilidade do ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB).
Nos bastidores, dirigentes do PSB avaliam que o tema do pedágio tem causado “grande desgaste” político para Tarcísio, especialmente no interior, onde parlamentares aliados pressionam por descontos ou isenção para moradores de cidades afetadas. Há ainda reclamações sobre falhas no pagamento e multas indevidas por suposta evasão.
Em resposta, a Secretaria de Parcerias em Investimentos do governo paulista afirmou que “além de agilizar os deslocamentos, o free flow nas novas concessões trará justiça tarifária ao permitir que o motorista pague apenas pelo trecho efetivamente percorrido”.
Alckmin assume papel de negociador
O vice-presidente, Geraldo Alckmin, também do PSB, aparece em outra frente da propaganda partidária. Ele adota um tom voltado à política nacional, alinhado ao discurso do governo Lula sobre soberania e reindustrialização, reforçado após o anúncio do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Na peça, Alckmin destaca sua atuação em meio à crise diplomática e comercial. “Desde o tarifaço, estou empenhado em negociar uma solução que alivie o impacto sobre a nossa população, buscando mais acordos comerciais e investimentos para proteger com isso milhares de empregos por todo o Brasil”, afirma o vice-presidente.
O PSB explora a imagem de Alckmin como articulador político e bom interlocutor com o empresariado, em um momento em que Lula busca ampliar a base de apoio junto ao setor produtivo. O ex-governador de São Paulo, com dois mandatos, foi elogiado pelo próprio presidente por sua capacidade de negociação durante o episódio envolvendo o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) e manifestações pró-Bolsonaro nos Estados Unidos.
Estratégia eleitoral e contraponto à extrema direita
Completando a narrativa das propagandas, o deputado estadual Caio França e a deputada federal Tabata Amaral também participam do material exibido ao eleitorado paulista. Ambos defendem a “bandeira da indústria, do emprego e da soberania nacional”, em contraposição a atos da extrema direita, como o ocorrido em 7 de setembro, quando bolsonaristas estenderam uma enorme bandeira dos Estados Unidos na Avenida Paulista.
A ofensiva do PSB nas redes e na TV tem duplo objetivo: fortalecer a imagem de Márcio França como nome viável ao governo estadual e reafirmar o partido como protagonista dentro da base de apoio a Lula, em meio às indefinições sobre a composição da chapa presidencial de 2026.