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Partido Novo é alvo de suspeitas de irregularidades no uso do fundo eleitoral no Rio

Membros questionam distribuição de recursos em campanhas de 2024. Caso envolve candidaturas femininas e negras

Logotipo do partido Novo (Foto: Reprodução/X/@partidonovo30)

247 - Integrantes do partido Novo no Rio de Janeiro cobram explicações da executiva estadual da legenda sobre possíveis irregularidades na utilização do fundo eleitoral durante as eleições municipais de 2024. A polêmica envolve a destinação de verbas para candidaturas femininas e de pessoas negras, com suspeitas de mau uso dos recursos.

De acordo com a Folha de S.Paulo, o partido — que lançou a pré-candidatura do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, à Presidência em 2026 — alterou suas diretrizes internas no ano passado e, pela primeira vez, distribuiu a fatia de R$ 37,1 milhões do fundo eleitoral aos candidatos. O valor representa parte dos R$ 5 bilhões divididos entre as legendas em 2024.

Distribuição contestada e vídeo de reunião interna

Na capital fluminense, a maior verba do Novo foi destinada a Débora Pontes, candidata a vereadora que recebeu R$ 109 mil, embora tenha obtido apenas 618 votos. O montante superou em R$ 34 mil o repasse feito a Pedro Duarte, vereador do partido que foi reeleito com 15.404 votos.

A Folha teve acesso a um vídeo de reunião de integrantes da legenda no Rio, anterior à eleição, em que candidatos questionam a distribuição desigual da verba. Na ocasião, o então presidente municipal, Bruno Mega, declarou: “Boa parte do dinheiro que foi para Débora [Pontes] foi dinheiro da Carol [Sponza, candidata a prefeita do partido] para pagar despesas da nominata”. Mega não respondeu aos pedidos de posicionamento.

Defesa do partido e prestação de contas

O diretório estadual do Novo nega qualquer desvio e afirma que a Justiça Eleitoral aprovou as prestações de contas. Em nota, a legenda declarou: “A distribuição dos recursos eleitorais obedeceu estritamente à legislação. Dentro desse marco legal, a definição de valores é discricionária de cada diretório estadual, que pode levar em conta critérios como potencial eleitoral, currículo e andamento da campanha”.

Apesar da justificativa, documentos mostram que uma prestadora de serviços recebeu 43% das despesas declaradas por Débora Pontes, somando R$ 48,8 mil. As notas fiscais detalham a contratação de equipes para panfletagem, mas a empresa não aparece na prestação de contas da candidatura de Carol Sponza.

Outras denúncias e repercussão interna

A reportagem também revelou um áudio atribuído a Karol Vicente, candidata negra do Novo em Barra do Piraí, que recebeu R$ 12 mil do fundo eleitoral. No registro, ela afirma: “O presidente de Barra do Piraí usou meu fundo eleitoral sabe-se Deus exatamente para quê, porque para mim não usou para nada”. Segundo Karol, apenas R$ 3 mil teriam sido efetivamente repassados à sua campanha. Ela obteve 26 votos na eleição.

Procurada, a candidata disse não se lembrar do áudio, mas a Folha confirmou que a mensagem partiu de seu celular em outubro do ano passado. O dirigente local não foi localizado pela reportagem.

Ações no partido, Justiça e Ministério Público

A suspeita de desvios foi levada à Comissão de Ética Nacional do Novo, que confirmou ter recebido representação sobre o caso. O processo, segundo a legenda, ainda está em andamento. O Ministério Público do Rio de Janeiro também foi acionado por meio da ouvidoria. Após análise preliminar, a Promotoria afirmou que não encontrou elementos suficientes para comprovar as denúncias, mas informou que a prestação de contas do diretório municipal referente a 2024 segue sob exame da Justiça Eleitoral.

Em resposta à Promotoria, o partido reforçou que não houve desvio e alegou que a denúncia partiu de uma candidata derrotada em disputa interna pela direção estadual do Novo no Rio.

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