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"Operação desastrosa", diz Boulos sobre chacina policial no Rio

Ministro diz que ação com mais de 120 mortos “não pode ser considerada um sucesso” e cobra combate financeiro ao crime

Brasília (DF), 29/10/2025 - O novo o Secretário-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos, fala durante cerimônia de posse, realizada no Palácio do Planalto. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

247 - O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos, criticou duramente a megaoperação das forças de segurança do Rio de Janeiro, realizada na semana passada contra o crime organizado. Em entrevista concedida nesta quarta-feira (5) à rádio Itatiaia, o ministro classificou a ação como “desastrosa”.

Segundo Boulos, afirmou que o alto número de mortes demonstra o fracasso do modelo atual de enfrentamento à criminalidade. “Uma operação que mata 120 pessoas ou mais não pode ser considerada um sucesso. É desastrosa”, disse o ministro em entrevista à Rádio Itatiaia, de acordo com a CNN Brasil.

“Operação de verdade não é com sangue, é mexendo no bolso”

Boulos defendeu que o combate ao crime deve focar em desarticular as fontes de financiamento das organizações criminosas, e não em operações espetaculares e violentas. “Operação para combater o crime organizado de verdade não é com pirotecnia, à base de sangue das pessoas. É asfixiando o esquema, mexendo no bolso deles, mexendo onde chega o tráfico de drogas, onde chega o tráfico de armas, a maneira como eles lavam dinheiro, como se infiltram no Estado e no poder econômico”, ressaltou.

Ministro cobra mudança estrutural na segurança pública

Durante a entrevista, Boulos reforçou seu apoio à PEC da Segurança, proposta de emenda à Constituição que pretende criar um novo modelo de coordenação nacional para as políticas de segurança pública. Ele também criticou os governadores Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; e Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, que se manifestaram contra a medida.

“Eu acho que eles estão muito mais preocupados em fazer politicagem usando a insegurança das pessoas e o temor natural contra o crime organizado do que efetivamente combatê-lo. O compromisso do presidente Lula é fazer esse enfrentamento”, afirmou o ministro.

Lula também condena “matança”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também criticou a operação durante entrevista a jornalistas estrangeiros, concedida na terça-feira (4). Ele afirmou que o episódio configurou uma “matança” e que a ação judicial autorizava apenas o cumprimento de mandados de prisão.

“A ordem do juiz era para que fossem cumpridos mandados de prisão, não para uma matança — e, no entanto, houve uma matança. Acho importante verificar as circunstâncias em que ocorreu”, disse o presidente.

Lula reforçou que o número elevado de mortos não deve ser tratado como indicador de sucesso. “A dura realidade é que, em termos de número de mortos, alguns podem considerar a operação um sucesso. Mas, do ponto de vista da ação estatal, acredito que foi desastrosa”, completou.

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