'Direita quer o Brasil ajoelhado para Trump', diz Boulos
Objetivo dos EUA na América Latina não é combater o “narcoterrorismo”; é o petróleo
247 - O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos (Psol), acusou a direita brasileira de agir para submeter o país aos interesses dos Estados Unidos e do presidente Donald Trump. A declaração foi feita em publicação nas redes sociais nesta terça-feira (4).
Na mensagem, Boulos citou reportagem do The New York Times que revela o planejamento de uma ofensiva militar dos EUA contra a Venezuela. “New York Times, hoje: Trump já elaborou plano para tomar o petróleo da Venezuela. E a direita repetindo pra você que o objetivo dos EUA na América Latina é combater o ‘narcoterrorismo’ para salvar nosso povo dos criminosos… Não é ingenuidade”, escreveu o ministro.
Ele mencionou nomes como Cláudio Castro (PL), Tarcísio de Freitas (Republicanos), Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Nikolas Ferreira (PL-MG), afirmando que todos “sabem exatamente o que estão fazendo”. Segundo Boulos, “nunca quiseram combater o crime organizado. Perguntem a eles se apoiam a PEC da Segurança. A única coisa que querem é o Brasil ajoelhado para Trump. Para atacar Lula, atacam nossa soberania. Mas vão fracassar nos dois”.
Plano militar dos EUA contra a Venezuela
De acordo com a reportagem do The New York Times, o governo Trump prepara uma ação militar para derrubar o presidente venezuelano Nicolás Maduro e assumir o controle do petróleo do país. O líder norte-americano, pressionado por assessores próximos, afirmou acreditar que os dias de Maduro “estão contados”. Tropas e navios dos Estados Unidos já estariam posicionados no Caribe.
Trump sinalizou em entrevista que considera opções militares que incluem ataques a unidades de defesa de Maduro e a tomada de campos petrolíferos venezuelanos. O núcleo da Casa Branca, liderado pelo secretário de Estado Marco Rubio e pelo conselheiro Stephen Miller, busca justificar a derrubada do governo venezuelano sob o argumento de combate ao narcoterrorismo.
Escalada militar e risco humanitário
Segundo a apuração, os EUA reforçaram sua presença militar com cerca de 10 mil soldados distribuídos entre bases em Porto Rico e embarcações de guerra. Bombardeiros estratégicos também foram deslocados para a região. O porta-aviões Gerald R. Ford, o maior da frota americana, deve se juntar às operações em breve.
Três linhas de ação estão em estudo: bombardeios a bases militares venezuelanas, incursões de forças especiais para capturar ou eliminar Maduro e a ocupação de aeroportos e áreas de produção de petróleo — considerada a opção mais arriscada por envolver alto risco de baixas civis e militares.
O petróleo é apontado como o verdadeiro foco da estratégia. Trump considera o controle das reservas venezuelanas uma compensação estratégica para os Estados Unidos. Nicolás Maduro, por sua vez, tentou oferecer concessões a empresas americanas, mas o presidente norte-americano recusou as propostas.
Interesses econômicos e geopolíticos
A Chevron é a única petroleira norte-americana que segue operando na Venezuela sob licença especial, e seria a principal beneficiada em caso de queda do governo Maduro. Paralelamente, a ala militar e jurídica dos EUA discute justificativas legais para possíveis assassinatos direcionados e intervenções diretas, citando como precedente o ataque ao general iraniano Qassim Suleimani em 2020.
A ofensiva, apresentada como combate ao narcotráfico, é criticada por analistas que apontam motivações econômicas e geopolíticas. O controle de recursos energéticos e a influência regional estariam por trás da retórica humanitária de Washington.
Especialistas alertam que uma incursão militar em Caracas pode resultar em milhares de vítimas civis. Mesmo aliados de Trump lembram que ele chegou à Casa Branca prometendo encerrar as “guerras eternas” e não abrir novos conflitos.


