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Lula condena "matança" no Rio e intensifica debate sobre segurança

Planalto vinha adotando linha moderada ao tratar da chacina no Rio

Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alterou o tom ao comentar a megaoperação policial que deixou 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro. Em entrevista concedida a correspondentes internacionais na terça-feira (4), o petista classificou a ação como uma “matança” e cobrou uma investigação sobre o que chamou de “atuação desastrosa” do Estado, relata o jornal O Globo

Durante visita a Belém, onde participa de atividades preparatórias para a COP30, Lula destacou que apenas a versão do governo fluminense foi divulgada até o momento. “Houve uma matança, e creio que é importante investigar em que condições ocorreu”, afirmou. O presidente acrescentou que o episódio deve ser apurado com rigor, defendendo a participação de peritos da Polícia Federal. “A decisão do juiz era uma ordem de prisão. Não tinha ordem de matança, e houve uma matança”, completou.

Palácio do Planalto tenta conter crise

O governo federal vinha evitando comentários públicos sobre o tema, amparado por pesquisas que indicam aprovação popular às ações policiais. Até então, a estratégia do Planalto era concentrar o discurso em propostas como a PEC da Segurança e o projeto de lei antifacções, que endurece punições e bloqueia recursos financeiros de organizações criminosas.

Após a repercussão, Lula recorreu às redes sociais para reforçar que o país está empenhado em “quebrar a espinha dorsal do tráfico de drogas”. Ele citou ainda a importância da tramitação de medidas no Congresso para integrar as forças de segurança e fortalecer os estados e municípios. “Essas medidas completam o ciclo da segurança: investigação mais eficaz, integração institucional e base legal sólida”, escreveu.

Mesmo aliados próximos afirmam que não sabiam da mudança de postura do presidente. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, tem mantido um discurso moderado, acompanhando de perto as discussões legislativas sobre o tema.

Oposição reage com ataques

A fala de Lula gerou forte reação de parlamentares da direita, especialmente aliados de Jair Bolsonaro (PL). O deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) acusou o presidente de “desmoralizar quem combate o crime”, enquanto o senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou que “o presidente escolheu o lado dos bandidos”. O relator da CPI do INSS, Alfredo Gaspar (União-AL), também criticou o discurso: “Ao falar sobre a operação no Rio, que tirou de circulação bandidos, Lula chamou de ‘matança’, mas esqueceu dos policiais mortos”.

Já o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), saiu em defesa do presidente. “O que o presidente Lula fala expressa a opinião do governo. Nas mortes dos bandidos houve inocentes no meio. Isso não pode ser assim. É uma reação correta do presidente”, afirmou.

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