Lula elogia operação policial de baixa letalidade na Bahia e pede inteligência para "estrangular" o crime
O presidente destacou as diferentes forças de segurança e investigação que se juntaram numa ação contra o crime organizado
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um elogio nesta terça-feira (4) à Operação Freedom, para desarticular o núcleo armado e financeiro da facção criminosa Comando Vermelho (CV) na Bahia. A ação policial teve apoio da Polícia Federal e um ponto de destaque foi a baixa letalidade. Uma pessoa morreu e 35 foram presas.
As estatísticas sobre a operação na Bahia foram divulgadas após a ação policial mais letal da história do estado do Rio de Janeiro deixar 121 mortos, na última terça-feira (28), nos complexos da Penha e do Alemão, zona norte da capital fluminense. A chacina gerou repúdio por várias organizações de direitos humanos e por entidades como a ONU - Organização das Nações Unidas.
Ao comentar sobre a operação com baixa letalidade na Bahia, o presidente Lula afirmou que “a atuação conjunta das forças de segurança é o caminho para estrangular o crime organizado e proteger a população.”
“A Operação Freedom, deflagrada nesta terça-feira (4) pela Polícia Civil da Bahia com apoio da FICCO — Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (que reúne a Polícia Federal, as Polícias Civil, Militar e Penal da Bahia, a Secretaria Nacional de Políticas Penais e a Secretaria da Segurança Pública do estado) — prendeu 38 integrantes de facção do Rio de Janeiro e cumpriu 46 mandados de busca e apreensão na Bahia e no Ceará”.
O presidente também cumpriu agenda em Belém, capital do Pará, onde aproveitou para conceder uma coletiva de imprensa a jornalistas estrangeiros. A entrevista aconteceu na Base Naval de Val de Cães.
Chacina no Rio e o Comando Vermelho
A ação, voltada contra o Comando Vermelho, ganhou destaque nacional. Criado no Rio de Janeiro na década de 1970, o grupo é uma das maiores facções criminosas do país, ao lado do Primeiro Comando da Capital (PCC), fundado em 1993 em São Paulo. O Comando Vermelho possui ramificações em mais de 20 estados brasileiros.
Um levantamento intitulado Rastreamento de Produtos e Enfrentamento ao Crime Organizado no Brasil apontou que, em 2022, organizações como o CV e o PCC movimentaram aproximadamente R$ 146,8 bilhões por meio de atividades ilegais relacionadas a combustíveis, ouro, cigarros e bebidas. No mesmo período, o tráfico de cocaína foi responsável por uma movimentação estimada em R$ 15 bilhões. Os dados foram divulgados pelo jornal O Estado de S. Paulo. Assim como o Comando Vermelho, o PCC também atua em mais de 20 estados do país.
Outra pesquisa, divulgada no ano passado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF) em conjunto com o Instituto Fogo Cruzado, apontou que o Comando Vermelho foi a única facção criminosa a ampliar seu domínio territorial entre 2022 e 2023 na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
De acordo com o estudo, a facção expandiu sua área de influência em 8,4%, ultrapassando as milícias e passando a controlar 51,9% das regiões dominadas por grupos criminosos. Com essa expansão, o CV recuperou 242 quilômetros quadrados (km²) que haviam sido perdidos para as milícias em 2021. Naquele período, 46,5% dessas áreas estavam sob domínio das milícias e 42,9% sob controle do Comando Vermelho.
CPI no Congresso
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado será composta por 11 senadores titulares e 7 suplentes. O colegiado aprovou convites para a presença de dois ministros de Estado, 11 governadores, especialistas em segurança pública e dirigentes de órgãos do setor.
O senador Fabiano Contarato preside a comissão, enquanto a relatoria ficará com Alessandro Vieira (MDB-SE). Também participam o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e três integrantes do PL: Márcio Bittar (AC), Flávio Bolsonaro (RJ) e Magno Malta (ES).
Pelo PSD da Bahia, participam Otto Alencar e Angelo Coronel. Também integram o grupo os senadores Marcos do Val (Podemos-ES), Jorge Kajuru (PSB-GO) e Rogério Carvalho (PT-SE).
Entre os suplentes estão Jaques Wagner (PT-BA), Randolfe Rodrigues (PT-AP), Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), Sergio Moro (União-PR), Eduardo Girão (Novo-CE) e Esperidião Amin (PP-SC).
Ação do governo
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a criação de um escritório emergencial para coordenar ações de combate ao crime organizado no Rio de Janeiro. Após reunião no Palácio da Alvorada, Lula determinou que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, se deslocassem à capital fluminense para se reunir no Palácio da Guanabara com o governador Cláudio Castro e outras autoridades locais, oferecendo apoio federal às operações no estado.
De acordo com Lewandowski, a nova estrutura tem o propósito de aprimorar a articulação entre os governos federal e estadual, eliminar entraves administrativos e integrar as forças de segurança para garantir uma resposta mais rápida à crise de segurança pública.
O escritório contará com o Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (CIFRA), voltado à descapitalização das organizações criminosas por meio do rastreamento de recursos, recuperação de bens e apoio a investigações de lavagem de dinheiro. Também fará parte da estrutura a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), criada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública em cooperação com órgãos estaduais e federais de segurança.


