Ex-ministro Nilmário Miranda assume articulação por Pacheco e Silveira em 2026 em Minas Gerais
Petista articula apoio ao senador Rodrigo Pacheco e ao ministro Alexandre Silveira para consolidar aliança entre esquerda e centro em MG
247 - O ex-ministro Nilmário Miranda (PT) pediu exoneração do cargo de chefe da Assessoria Especial de Defesa da Democracia e História e da Verdade do Ministério dos Direitos Humanos para se dedicar à política em Minas Gerais. A informação foi revelada pela Folha de S. Paulo. Segundo o petista, sua prioridade agora é costurar uma aliança entre o PT e setores do centro, com foco no apoio ao senador Rodrigo Pacheco (PSD) para o governo mineiro e ao ministro Alexandre Silveira (PSD) para o Senado.
Nilmário, que foi candidato a governador de Minas em 2002 e 2006, relembrou sua trajetória no estado para justificar a nova missão. “Fui candidato a governador duas vezes, conheço 600 municípios e umas 30 cidades importantes. Como não vou disputar eleição, tenho diálogo em qualquer lugar. Então achei que teria um papel a desempenhar para unificar o campo à esquerda e centro-esquerda e fazer uma aliança com o centro”, afirmou.
Estratégia para Minas e impacto nacional
O ex-ministro reforça a tese de que vencer em Minas é decisivo para qualquer projeto nacional. “A prioridade é unificar nosso campo e, ao mesmo tempo, romper essa coisa de ficar distante do centro”, disse.
Nilmário também fez elogios a Rodrigo Pacheco, ressaltando sua atuação na crise envolvendo as chamadas emendas do “orçamento secreto”. “Ele colaborou muito para pacificar a crise daquele assalto ao orçamento público do Centrão, esse parlamentarismo bastardo do Brasil. Ele foi muito importante”, destacou.
Por isso, o petista torce para que Pacheco se mantenha no cenário mineiro e não seja indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em caso de vaga aberta. “Prefiro ele. Se for indicado para o STF, vamos todos buscar outra solução”, afirmou.
Saúde, trajetória e legado no ministério
A decisão de antecipar a saída do governo foi motivada também por questões pessoais. Aos 78 anos, Nilmário relatou o desgaste físico de sua rotina. “Desde a transição, fiz 130 viagens de ônibus, a maioria de madrugada, perdendo noites de sono”, contou.
Ex-preso político e autor, ao lado de Carlos Tibúrcio, do livro Dos Filhos deste Solo — um dos principais registros sobre mortos e desaparecidos da ditadura militar —, Nilmário foi o primeiro ministro dos Direitos Humanos do governo Lula (2003-2005), além de deputado federal e presidente da Fundação Perseu Abramo.
Mesmo com orçamento reduzido, ele garante ter deixado avanços em áreas ligadas à memória e à verdade histórica, como as comissões de Anistia e de Mortos e Desaparecidos Políticos, a Coordenação-Geral de Memória e Verdade da Escravidão e o projeto Lugares Pela Memória. “É uma equipe muito boa. Pequena, mas muito boa”, afirmou.
Sucessão e futuro da assessoria
Nilmário sugeriu que seu sucessor seja Hamilton Pereira, o poeta Pedro Tierra, também ex-preso político, com quem esteve detido no DOI-Codi durante a ditadura. “Ele já foi secretário de Cultura no Distrito Federal duas vezes. É muito querido pelo nosso grupo lá, faz um bom trabalho. Mas obviamente é a ministra [Macaé Evaristo] quem decide”, disse.
Com a saída de Brasília, o petista retorna a Belo Horizonte para se dedicar às articulações que podem redesenhar o tabuleiro político mineiro em 2026.