Corpos encontrados na Penha têm marcas de tiros e facadas, dizem moradores
Moradores levaram 40 corpos à Praça São Lucas após ação com 2,5 mil policiais no Rio
247 - Moradores do Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, relataram o surgimento de dezenas de corpos na madrugada desta quarta-feira (29). Cerca de 40 cadáveres foram levados até a Praça São Lucas, onde familiares e amigos tentavam reconhecer as vítimas, em meio ao desespero e à ausência de informações oficiais.
Segundo o Metrópoles, os corpos foram encontrados em uma área de mata que liga os complexos do Alemão e da Penha — cenário da operação policial mais letal da história do estado, realizada na terça-feira (28). Testemunhas afirmaram que muitas vítimas apresentavam tiros na cabeça, perfurações de faca nas costas e ferimentos nas pernas.
Desespero e busca por respostas
Na tentativa de salvar feridos, moradores transportaram seis corpos em uma Kombi até o Hospital Estadual Getúlio Vargas, também na Penha. O veículo chegou em alta velocidade e deixou o local rapidamente, o que reforça o clima de caos que dominou a comunidade após os confrontos.
Relatos descrevem cenas de luto coletivo: corpos enfileirados na praça, choro de familiares e a presença constante do medo, enquanto a comunidade cobrava respostas sobre o número real de mortos e desaparecidos.
Operação Contenção e a “guerra urbana”
A operação, batizada de Operação Contenção, mobilizou cerca de 2,5 mil policiais civis e militares, com o objetivo declarado de conter a expansão territorial do Comando Vermelho (CV). Segundo o governo do Rio, a ação resultou em 81 suspeitos presos, mais de 90 armas apreendidas, incluindo fuzis de guerra, além de rádios comunicadores e cerca de 200 quilos de drogas confiscados
A megaoperação revelou um novo patamar no poder bélico da facção. Policiais relataram que criminosos utilizaram drones adaptados para lançar explosivos, além de bloquear vias e incendiar barricadas. As equipes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), tropa de elite da Polícia Civil, enfrentaram ataques coordenados em diversos pontos das comunidades.
De acordo com agentes que participaram da ação, os criminosos monitoraram o deslocamento das forças de segurança por via aérea, dificultando o cerco planejado pelo Estado e ampliando a tensão entre os moradores.
Conflito político entre Estado e União
A operação também gerou atrito entre o governo estadual e o governo federal. O governador Cláudio Castro (PL) afirmou que o Rio de Janeiro “está sozinho” na luta contra o crime organizado e disse que seus pedidos para o uso de blindados do Exército foram negados.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública, no entanto, rebateu as declarações e afirmou que todos os pedidos oficiais foram atendidos. A pasta destacou ainda que há operações federais em andamento e que recursos estão disponíveis para reforçar a segurança pública no estado.


