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Após maior chacina policial da história do RJ, PL avalia lançar secretário da Polícia Civil para disputar o governo estadual

Partido do governador Cláudio Castro, PL aposta no endurecimento da segurança como trunfo eleitoral em 2026

Secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

247 - Após a megaoperação policial que resultou na maior chacina da história do Rio de Janeiro, o PL, legenda do governador Cláudio Castro, estuda incluir o nome do secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, em uma pesquisa interna como possível candidato ao governo do estado nas eleições de 2026. Segundo a coluna do jornalista Octavio Guedes, do g1, o nome de Curi ganhou destaque após as operações policiais nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte da capital fluminense, deflagradas nesta terça-feira (28), e que deixaram mais de 60 mortos, segundo dados oficiais. 

Na manhã desta quarta-feira (29), porém, moradores da Penha resgataram mais de 50 corpos em uma área de mata próxima à comunidade, o que eleva para mais de 100 as vítimas fatais resultantes da operação policial.

A atuação de Curi tem mobilizado debates nas redes sociais, dividindo opiniões entre apoiadores de direita — que o defendem por sua postura de enfrentamento — e críticos de esquerda, que o acusam de adotar uma política de extermínio.

Estratégia política e discurso de enfrentamento

De acordo com a reportagem, de perfil midiático e conhecido por compreender o funcionamento dos algoritmos das redes sociais, Felipe Curi vem articulando um discurso pautado no combate à “narcocultura” e à criminalidade organizada, que ele classifica como “núcleos terroristas”. O secretário também tem se posicionado contra o que chama de romantização do crime e recentemente se envolveu em polêmicas ao apontar o rapper Oruam como “inimigo público número um”.

Outra alternativa considerada pelo PL é o comandante da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, que também participa diretamente das operações em curso. Ambos são vistos como figuras centrais na atual política de segurança pública do estado.

Necropolítica e capital eleitoral

Analistas políticos apontam que o PL aposta na popularidade da chamada “necropolítica” — termo usado por críticos para se referir à política de segurança baseada na eliminação de suspeitos — como estratégia eleitoral. Nesta linha, o governador Cláudio Castro foi eleito vice em 2018, em meio à onda de apoio a candidatos que prometiam “dar tiro na cabecinha de bandido”.

Durante a campanha de 2022, Castro enfrentou forte repercussão após uma operação policial no Complexo da Penha deixar 23 mortos. Na ocasião, ele reagiu às críticas afirmando que “se eu fosse me basear por pesquisas, faria mais três operações como a da Vila Cruzeiro, uma por semana”. A frase consolidou sua imagem junto a eleitores que defendem a chamada “linha dura” na segurança pública.

A percepção da população e o cenário político

Pesquisas recentes ajudam a explicar o apelo popular dessa estratégia. Levantamento da Quaest mostrou que oito em cada dez brasileiros acreditam que “a polícia prende e a Justiça solta”, o que reforça a sensação de impunidade e legitima o discurso de que “bandido bom é bandido morto”.

Nos bastidores da política, a operação policial deflagrada nesta semana também repercutiu fortemente. Dirigentes do PT, como José Dirceu, afirmam que a escolha da data da ação não foi casual — teria ocorrido logo após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarar que “traficantes são vítimas dos usuários” e depois de o senador Flávio Bolsonaro defender que os Estados Unidos bombardeassem a Baía de Guanabara.

O deputado Altineu Cortes (PL) avaliou que o episódio fortaleceu o governador: “Cláudio foi dormir mais forte do que acordou”. Já o vice-presidente nacional do PT e prefeito de Maricá, Washington Quaquá, surpreendeu ao se afastar do discurso tradicional da esquerda. “A operação foi mal planejada, mas terá apoio da população, porque ninguém aguenta mais bandido”, afirmou, de acordo com a reportagem.

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