Gestão de Cláudio Castro lidera ranking de mortes em ações policiais
Governo de Cláudio Castro esteve à frente de 3 das 4 operações policiais mais letais do Rio de Janeiro desde 2007
247 - A gestão do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), responde por três das quatro operações policiais mais letais registradas na região metropolitana da capital fluminense desde 2007. Segundo levantamento do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni-UFF), as ações sob sua administração deixaram um saldo devastador de vítimas.
De acordo com a Folha de S. Paulo, o estudo aponta que, além da recente Operação Contenção — realizada nos complexos do Alemão e da Penha, que já é considerada a mais letal da história do estado, com 64 mortos confirmados até a noite de terça-feira (28)—, Castro também comandava o governo durante os massacres do Jacarezinho (2021) e da Vila Cruzeiro (2022), que resultaram em 28 e 23 mortos, respectivamente.
Três das maiores tragédias em sequência
Os dados do Geni-UFF revelam que, desde que assumiu o Palácio Guanabara, em agosto de 2020, as operações policiais sob Cláudio Castro deixaram 1.886 mortos, entre civis e agentes de segurança — uma média de 30 vítimas por mês. A escalada da violência reflete uma política de segurança marcada por operações de grande letalidade em áreas periféricas e favelas da capital.
O estudo também compara o atual governo ao de Wilson Witzel (PSC), antecessor de Castro e conhecido pela frase “tiro na cabecinha”, em referência à morte de criminosos armados com fuzis. Durante seus 20 meses de gestão, o estado registrou 104 chacinas com 904 mortos, média de 45 vítimas mensais. O ano de 2019, único em que Witzel esteve no cargo durante todo o período, teve o recorde de 634 mortes em operações policiais — o maior número em mais de três décadas de registros.
A sucessão e o padrão da violência
Cláudio Castro, então vice-governador, assumiu o comando do estado após o afastamento de Witzel e manteve o padrão de incursões violentas. Desde 2007, segundo o levantamento, o Rio de Janeiro registrou 707 grandes operações policiais, que resultaram em 7.343 mortes — número equivalente à queda de 33 aviões Airbus A320 cheios, sem sobreviventes, em um intervalo de 18 anos.
A mais recente operação, no Alemão e na Penha, ilustra a continuidade desse padrão. Dos 64 mortos até o momento, pelo menos 60 foram classificados pela polícia como “suspeitos”. Dois policiais civis e dois militares também morreram. O número final de vítimas ainda pode crescer, já que tiroteios continuavam em algumas comunidades mais de 12 horas após o início da ação. Nesta quarta-feira (29), moradores da Penha retiraram mais de 50 corpos de uma área de mata próxima à comunidade.
Falhas e impunidade nas investigações
O histórico das operações anteriores sob Castro reforça a dificuldade de responsabilização em casos de mortes decorrentes de confrontos policiais. No massacre do Jacarezinho, por exemplo — até então a operação mais letal da história fluminense —, as investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro terminaram com 24 dos 28 casos arquivados. Apenas quatro agentes de segurança foram denunciados.
O promotor André Luís Cardoso, que coordenou o grupo de investigação, afirmou um ano após a operação que não houve provas suficientes para confirmar legítima defesa na maioria dos casos. “Não foi possível confirmar que houve legítima defesa dos policiais”, declarou à época.
Cena de guerra e irregularidades
Durante a Operação Contenção, corpos de vítimas foram fotografados sendo transportados na caçamba de um carro da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil, sem perícia nos locais dos crimes.
Segundo a reportagem, por volta das 18h da terça-feira ainda havia confrontos na região da Vacaria — uma extensa área de mata que liga os complexos do Alemão e da Penha. Policiais relataram a presença de vários corpos espalhados, mas a perícia não conseguiu chegar ao local devido à troca de tiros contínua.


