STF terá 501 jornalistas e reforço de segurança no julgamento da trama golpista
Interesse internacional cresce com processo contra Bolsonaro e ex-auxiliares no Supremo
247 - O Supremo Tribunal Federal (STF) se prepara para um dos julgamentos mais relevantes da história recente do país. De acordo com o g1, o processo que analisa a chamada “trama golpista” terá a presença de 501 jornalistas credenciados e reforço inédito na segurança. O caso envolve Jair Bolsonaro (PL) e sete de seus antigos auxiliares, acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de formar uma organização criminosa para tentar mantê-lo no poder e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O interesse pelo julgamento é tamanho que o STF recebeu mais de 3,3 mil pedidos de cidadãos que desejam acompanhar presencialmente as sessões. Foram disponibilizados 150 assentos no plenário da Segunda Turma para o público inscrito. Já os profissionais de imprensa terão acesso à sala da Primeira Turma, onde ocorrerá o julgamento, em ordem de chegada, com 80 lugares reservados. As sessões estão previstas para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro, quando serão conhecidas as sentenças.
Ministros à frente do processo
A Primeira Turma do STF, responsável pelo caso, é composta pelos ministros Alexandre de Moraes (relator), Cristiano Zanin (presidente), Cármen Lúcia, Flávio Dino e Luiz Fux. Na fase de interrogatórios, realizada em junho, todos os réus negaram participação em qualquer articulação golpista. Segundo eles, não houve movimento concreto para impedir a posse de Lula, e a denúncia apresentada pela PGR seria injusta.
Segurança reforçada
O clima de tensão em Brasília exige uma operação de segurança ampliada. A partir da segunda-feira, 1º de setembro, a Polícia Militar do Distrito Federal fechará a praça dos Três Poderes, que abriga o STF, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto. No dia 2, início do julgamento, estarão mobilizados a tropa de choque, o Bope, o Comando de Operações Táticas e cães farejadores. Além dos policiais militares, haverá atuação de policiais judiciais e equipes vindas de outros estados.
O STF informou que o acesso ao prédio só será liberado após inspeção com detector de metais e que mantém contato direto com a Secretaria de Segurança do DF para coordenar a operação.
Cenário político e repercussão internacional
Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliar por tentativa de coação de ministros e instituições, ainda não confirmou se comparecerá às sessões. A disputa política também se intensifica fora do tribunal. O presidente Lula acusou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Jair Bolsonaro, de traição à pátria por incentivar nos Estados Unidos represálias contra o Brasil em razão do julgamento.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aliado de Bolsonaro, relacionou sua decisão de aplicar um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros ao processo em curso no STF. “É uma caça às bruxas”, declarou Trump, que também impôs sanções contra o ministro Alexandre de Moraes e outros integrantes da Corte. Em resposta, Lula reiterou que o Brasil “não negocia sua soberania”.
Nesta semana, a revista The Economist estampou Bolsonaro na capa, vestido como um dos extremistas que invadiram o Congresso dos EUA em 6 de janeiro de 2020, em episódio que tentou impedir a posse de Joe Biden. A publicação destacou que, ao julgar a tentativa de golpe, o Brasil estaria dando uma lição ao próprio sistema político norte-americano.