Motta consegue conter baderna promovida por bolsonaristas na Câmara

247 – O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), conseguiu restabelecer a ordem no plenário da Casa na noite desta quarta-feira (6), após mais de 24 horas de tumulto e obstrução promovida por parlamentares bolsonaristas. A sessão foi aberta por volta das 22h30, em meio a protestos e tentativa de impedir sua chegada à cadeira da presidência. A informação é da Agência Brasil.

Durante o pronunciamento de abertura, Motta criticou duramente a postura dos deputados da oposição, que vinham ocupando o plenário desde o dia anterior em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os oposicionistas também exigem a anistia ampla aos condenados por participação na tentativa de golpe de Estado e o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

“O que aconteceu entre o dia de ontem e hoje com a obstrução dos trabalhos não faz bem a esta Casa. A oposição tem todo o direito de se manifestar, de expressar sua vontade. Mas tudo isso tem que ser feito obedecendo o nosso regimento e a nossa Constituição. Não vamos permitir que atos como esse possam ser maiores que o Plenário e do que a vontade dessa Casa”, declarou Motta.

O presidente da Câmara teve dificuldades para assumir a presidência da sessão devido à resistência de deputados como Marcel van Hattem (Novo-RS) e Marcos Pollon (PL-MS), que bloquearam sua entrada. Ainda assim, ele reforçou que a condução dos trabalhos seguirá firme e dentro da legalidade: “Sempre lutarei pelas nossas prerrogativas e pelo livre exercício do mandato. E o exercício do mandato se dá no respeito àquilo que para nós é inegociável, que é o direito de cada um exercer o direito à fala, a se posicionar, e de quem preside a Casa de presidir os trabalhos”.

Motta também alertou contra o uso político da Câmara para projetos pessoais: “Nesta Casa mora a solução das construções para o nosso país, que tem que estar sempre em primeiro lugar, e não deixarmos que projetos individuais, pessoais ou até eleitorais possam estar à frente daquilo que é maior que todos nós, que é nosso povo que tanto precisa das nossas decisões”.

A Secretaria-Geral da Mesa divulgou nota afirmando que qualquer conduta que tenha por objetivo impedir ou obstruir as atividades legislativas poderá ser punida com representação ao Conselho de Ética, inclusive com pedido de suspensão do mandato parlamentar por até seis meses por quebra de decoro.

Outro episódio controverso durante o protesto foi a presença da filha da deputada bolsonarista Júlia Zanatta (PL-SC), um bebê de colo, no plenário tomado pela oposição. O deputado Reimont (PT-RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, apresentou denúncia ao Conselho Tutelar, apontando risco físico e instabilidade institucional. A deputada reagiu: “Fui chamada pelos colegas e tive que vir com a minha bebê. Será que vão tirar a gente à força?”, questionou, sentada na cadeira da presidência da Casa.

No Senado, os protestos também levaram à suspensão das atividades presenciais. O presidente Davi Alcolumbre (União-AP) determinou que a sessão desta quinta-feira (7) fosse realizada de forma remota, com o objetivo de garantir o funcionamento da Casa diante da tentativa de paralisação promovida pelos oposicionistas.

O movimento da extrema-direita, que tenta transformar o Parlamento em palco para sua agenda antidemocrática, recebeu resposta firme da presidência da Câmara, que sinalizou não tolerar badernas nem desrespeito ao regimento.