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Governo e oposição travam batalha pelo controle da CPMI do INSS

Base de Lula e bolsonaristas disputam o centrão para definir direção da investigação sobre fraudes que podem ter desviado até R$ 6 bilhões

INSS (Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
Guilherme Levorato avatar
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247- A instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará fraudes bilionárias envolvendo descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS tornou-se mais um palco de embate entre o governo Lula (PT) e a oposição bolsonarista. Segundo a Folha de S. Paulo, ambos os lados concentram esforços para influenciar partidos do centrão e, assim, garantir maioria na escolha dos membros do colegiado.

O jogo de forças passa por legendas como União Brasil, PSD, MDB, PP e Republicanos — todas com parlamentares que orbitam tanto o Palácio do Planalto quanto o campo bolsonarista. O apoio desses partidos será decisivo para definir os rumos da CPMI, que terá poder para convocar testemunhas, acessar documentos sigilosos e sugerir indiciamentos.

A crise no INSS abalou a imagem do presidente Lula, e ministros admitem que o caso dificultou a tentativa do governo de recuperar a popularidade. Os aliados do petista apostam na convocação de ex-integrantes da gestão Bolsonaro, que teriam assinado convênios com entidades agora sob investigação, para dividir a responsabilidade política pelas fraudes.

Por outro lado, bolsonaristas querem centrar o foco no período atual, enfatizando o aumento expressivo dos descontos durante o governo Lula, a atuação de um irmão do presidente em uma das associações suspeitas e o histórico de vínculos dessas entidades com movimentos de esquerda.

Disputa por cargos estratégicos - A composição da CPMI contará com 15 deputados e 15 senadores titulares, além de suplentes. Embora o prazo oficial para as indicações ainda não tenha sido aberto pelo Congresso, os bastidores já fervilham. O governo tenta convencer líderes a indicarem nomes alinhados ao Planalto. A tarefa, contudo, enfrenta resistência: parlamentares reclamam da lentidão na liberação de emendas e demonstram pouco interesse em ajudar o governo no momento.

Um exemplo claro do desafio enfrentado por Lula é o caso do PSD na Câmara, que antecipou a escolha do deputado Sidney Leite (AM) como titular. Leite é autor de projeto que propõe o fim dos descontos questionados e tem postura crítica em relação ao governo. Como suplente, será indicado Carlos Sampaio (SP), conhecido opositor do PT e ex-promotor com histórico de atuação em CPIs.

A presidência da comissão será exercida pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), aliado do Planalto. Caberá a ele definir a pauta das sessões e agendar as oitivas. Já a relatoria, posição estratégica que produz o parecer final com eventuais pedidos de indiciamento, ainda está em disputa.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), é o responsável pela escolha do relator. O governo pressiona para que a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) assuma o posto. Ela é uma das autoras do pedido de instalação da CPMI e tem boa interlocução com o Planalto. A oposição, por sua vez, tenta barrar seu nome e sugeriu outras alternativas. Motta afirmou que busca um nome "neutro" e prometeu anunciar sua decisão até a próxima semana. Aliados indicam que o escolhido deve ser de um partido de centro-direita, com o União Brasil entre os cotados.

Fraude de bilhões e impacto político - A CPMI vai investigar um esquema de descontos ilegais realizados por entidades em benefícios do INSS, sem o consentimento dos aposentados. Segundo estimativas da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), as fraudes podem ter movimentado até R$ 6 bilhões. O escândalo levou à queda de Carlos Lupi do comando do Ministério da Previdência.

A comissão terá um prazo de funcionamento de 180 dias. Como a instalação só deve ocorrer em agosto, após o recesso parlamentar, os trabalhos devem se estender até o início de 2026 — ano de eleições municipais. A proximidade com o calendário eleitoral tende a aumentar ainda mais a temperatura política da CPMI.

Enquanto isso, governistas e bolsonaristas seguem em campo para conquistar o apoio do centrão e garantir o controle da narrativa.

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