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      Gleisi cita conquistas sociais no governo Lula e também repudia tarifaço de Trump: 'venceremos a chantagem e a traição'

      A ministra também criticou Jair Bolsonaro, que, junto ao governo dos EUA, tenta violar a soberania brasileira

      Gleisi Hoffmann com outras lideranças em Brasília (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
      Leonardo Lucena avatar
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      247 - A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, escreveu nesta terça-feira (5) uma mensagem para destacar as conquistas sociais no Brasil durante este terceiro mandato do presidente Lula. A titular da pasta aproveitou para demonstrar repúdio à guerra comercial lançada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, que mencionou o inquérito da trama golpista contra Jair Bolsonaro (PL) como justificativa para aplicar um tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras. 

      “O pleno do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável esta manhã foi uma aula de democracia. Representantes da imensa diversidade brasileira apresentaram ao presidente @LulaOficial propostas para o país nos mais diversos campos”, escreveu Gleisi na rede social X.

      Em sua análise, a ministra também afirmou que Jair Bolsonaro fazia um governo “autoritário” e “intolerante”. O político da extrema direita é réu na investigação da trama golpista, cumpre medidas cautelares e está em prisão domiciliar. 

      “Diálogo e participação social que foram suprimidos no governo anterior, autoritário e intolerante. O Brasil retomou o caminho da democracia, da justiça social e do respeito aos direitos humanos. Assim conseguimos sair outra vez do Mapa da Fome, vamos fazer justiça tributária e superar grandes desafios”, publicou a titular da SRI. 

      “Assim vamos vencer a chantagem e a traição”, acrescentou Gleisi, numa referência às tarifas de 50% anunciadas pelos EUA, onde membros do governo Trump condicionam a derrubada do tarifaço à suspensão do processo contra Bolsonaro. 

      Mapa da Fome

      Dados divulgados durante a 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU (UNFSS+4), realizada em 28 de fevereiro na Etiópia, confirmam que o Brasil não integra mais o Mapa da Fome. O país alcançou o índice abaixo de 2,5% da população em situação de subnutrição - patamar que, segundo critérios da Organização, indica superação do problema em escala relevante.

      Evolução dos números:

      • Entre 2019-2021: 3,4% da população enfrentava fome (FAO)
      • Período 2020-2022: taxa subiu para 4,2%
      • Em 2023: recuo para 3,9% (equivalente a 8,4 milhões de pessoas)

      A metodologia da ONU estabelece que, quando a porcentagem cai abaixo de 2,5%, não são divulgados números absolutos - situação que o Brasil voltou a alcançar recentemente. Os dados mostram uma tendência de melhoria nos indicadores de segurança alimentar no atual governo, após o crescimento verificado nos anos anteriores.

      Impacto da guerra comercial

      Estudos recentes da FIEMG revelam um cenário preocupante: as barreiras comerciais impostas pelos EUA podem gerar perdas acumuladas de R$ 175 bilhões para o Brasil nos próximos anos. Esse impacto significativo incluiria:

      • Contração de 1,49% no PIB nacional
      • Extinção de 1,3 milhão de postos de trabalho

      Em caso de retaliação brasileira com alíquotas de 50% sobre produtos americanos, o estrago seria ainda maior:

      • Queda econômica de R$ 259 bilhões (2,21% do PIB)
      • Quase 2 milhões de empregos eliminados
      • Redução de R$ 36 bilhões na massa salarial
      • Perda de R$ 7,2 bilhões em arrecadação tributária

      Os americanos ocupam a posição de segundo maior parceiro comercial do Brasil, superado apenas pela China:

      • Exportações brasileiras para os EUA: US$ 40,4 bilhões em 2024 (1,8% do PIB)
      • Principais produtos: petróleo, minério de ferro, equipamentos industriais, aeronaves e café

      O fluxo inverso também é expressivo:

      • Importações americanas: US$ 60 bilhões/ano
      • 6.500 pequenas empresas nos EUA dependem de fornecedores brasileiros
      • 3.900 corporações americanas possuem operações no território nacional

      Produtos isentos

      A ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump nesta quarta-feira (30) isentou 694 produtos brasileiros da majoração tarifária de 50%. Entre as exceções estão:

      • Suco e polpa de laranja
      • Combustíveis e produtos energéticos
      • Minérios (incluindo ferro)
      • Fertilizantes
      • Aeronaves civis, motores e componentes
      • Celulose e polpa de madeira
      • Metais preciosos


      Café, frutas e carnes permanecem com alíquota de 50%.

      • 45% das exportações (US$ 18 bilhões em 2024) estão isentas
      • 36% (US$ 14,5 bilhões) serão taxados em 50%
      • 19% (US$ 8 bilhões) já possuem tarifas específicas (ex.: 25% para autopeças, 50% para aço/alumínio)

      Contexto comercial:

      • Exportações totais do Brasil para EUA em 2024: US$ 40,4 bilhões
      • Produtos isentos representam 64% do fluxo comercial bilateral
      • Mercadorias em trânsito não serão afetadas pelas novas tarifas

      Sanções contra Moraes

      As autoridades norte-americanas decidiram aplicar sanções contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, determinando o congelamento de quaisquer bens ou recursos financeiros que ele possua em território dos EUA. Além disso, bancos e instituições financeiras estão obrigados a informar ao OFAC (Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros) sobre possíveis ativos ligados ao magistrado, impedindo-o de realizar transações ou movimentar fundos no país.

      A medida foi tomada com base na Lei Magnitsky, originalmente criada em 2012 para punir agentes russos envolvidos na morte do advogado Sergei Magnitsky. Posteriormente, a legislação foi ampliada, permitindo que os EUA sancionassem indivíduos acusados de corrupção ou violações de direitos humanos, mesmo sem condenação formal. A administração Trump já havia usado esse mecanismo contra autoridades brasileiras, e agora o alvo é um dos principais nomes do Judiciário no Brasil.

      Em resposta, Moraes teria dito a aliados que a decisão "não terá impacto" em sua vida, já que ele afirma não possuir contas, investimentos ou propriedades sob jurisdição norte-americana. Apesar disso, a medida simboliza um novo capítulo nas tensões entre o governo dos EUA e autoridades brasileiras.

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