CPMI do INSS tem sessão de quase 10 horas com Carlos Lupi
Audiência foi marcada por bate-bocas. Ex-ministro da Previdência pode voltar à comissão
247 - A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS realizou na segunda-feira (8) uma sessão de quase dez horas de duração, que ficou marcada por discussões acaloradas entre parlamentares da base e da oposição. A audiência contou com a presença do ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, ouvido em meio às investigações sobre irregularidades nos benefícios do instituto, informa o g1.
Segundo o portal, 32 parlamentares participaram dos questionamentos, além do relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), que interrogou Lupi por cerca de uma hora e meia. Apesar do longo tempo, a reunião avançou pouco em termos de novas informações sobre o suposto esquema de desvios. O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), classificou a sessão como “boa”, mas destacou que o ex-ministro apresentou contradições em relação a depoimentos anteriores.
Possibilidade de retorno de Lupi
Carlos Viana citou o caso de Tonia Galleti, apontada inicialmente por Lupi como amiga pessoal, mas cuja relação foi negada durante a oitiva. “Há vários pontos nas falas dele que não coadunam, ou seja, não se confirmam em falas passadas”, disse o senador. Ele também não descartou transformar o ex-ministro em investigado da CPMI, além de convocá-lo novamente. “Se ele concordar em retornar será bem-vindo como convidado. Se não, nós podemos fazer a convocação e até mesmo uma acareação com as pessoas que foram citadas”, afirmou.
Sessão tumultuada e embates entre parlamentares
Assim como em encontros anteriores da CPMI, o clima foi de confronto. O senador Jorge Seif (PL-SC) chegou a fazer gestos obscenos contra um deputado da base, após discussão sobre o direito de resposta do depoente. Já os deputados Rogério Correia (PT-MG) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) trocaram ofensas, levantaram-se e se encararam de forma tensa, sendo contidos por colegas. Correia ainda afirmou que Jair Bolsonaro (PL) “vai ser preso” e simulou com as mãos o gesto de grades de prisão, o que acirrou ainda mais os ânimos. A confusão levou a uma suspensão temporária da sessão.
Defesa do ex-ministro e críticas ao crédito consignado
Durante sua fala, Carlos Lupi buscou se defender das acusações de omissão diante das denúncias sobre descontos indevidos, mas concentrou críticas no sistema de empréstimos consignados. “Agora acabaram com o desconto em folha dos associativos. E por que não o dos empréstimos consignados? Aí é que está um processo que a gente tem que olhar com muito cuidado”, disse.
O ex-ministro afirmou que esse tipo de crédito gera um ciclo vicioso de endividamento. “Quem entra para o consignado só tem porta de entrada, não tem de saída, porque cada vez que acaba um empréstimo, ele tem que fazer um outro para pagar o empréstimo anterior, ajudar um filho, ajudar uma meia-água de uma casa que ele está construindo”, declarou. Para ele, o “grande desafio” é justamente encerrar os descontos em folha.
Próximos depoimentos já definidos
O presidente da CPMI confirmou ainda o calendário da comissão. Na próxima quinta-feira (11), será ouvido o ex-ministro da Previdência do governo Jair Bolsonaro, Ahmed Mohamad Oliveira Andrade, que anteriormente se chamava José Carlos de Oliveira. Para segunda-feira (15), está prevista a oitiva de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, e no dia 18 será a vez do empresário Maurício Camisotti, apontado como um dos articuladores do esquema de fraudes.