Arruda tenta reverter sua inelegibilidade no Distrito Federal
Ex-governador articula nos bastidores com PL e PSD enquanto o Senado analisa mudanças na Lei da Ficha Limpa
247 – O ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda intensificou sua articulação política para tentar se livrar da inelegibilidade e voltar às urnas em 2026. Segundo revelou o Metrópoles, Arruda atua em duas frentes: assegura ao PL que continuará na legenda para disputar uma vaga de deputado federal, mas também acena ao PSD, sinalizando possível filiação caso o Congresso aprove as mudanças nas regras eleitorais.
O debate gira em torno do Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 192/2023, que altera os prazos de inelegibilidade previstos na Lei da Ficha Limpa. Já aprovado na Câmara dos Deputados, o texto aguarda análise no Senado. Se passar, o prazo será unificado em oito anos, contados a partir da decisão que impôs a punição. Mesmo em caso de múltiplas condenações, o período máximo de inelegibilidade não poderá ultrapassar 12 anos.
Políticos beneficiados
A proposta favoreceria diretamente figuras condenadas na Justiça, como o próprio Arruda, o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. O projeto foi apresentado pela deputada Dani Cunha (União Brasil-RJ), filha de Cunha, que também está impedido de concorrer.
O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, tem atuado intensamente a favor da proposta, assim como o presidente do PSD no DF, Paulo Octávio, que mantém diálogo próximo sobre o tema. Questionado sobre uma eventual mudança de partido de Arruda, o senador Irajá (PSD-TO) respondeu, via assessoria, que “só quem pode falar é Paulo Octávio”.
Em declaração ao Metrópoles, Arruda negou intenção de trocar de legenda: “Sou do PL”. Já Paulo Octávio preferiu não comentar o assunto.
Críticas e resistência
O projeto, no entanto, enfrenta forte oposição. O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) repudiou a iniciativa, classificando-a como um “grave retrocesso” por flexibilizar os prazos da Lei da Ficha Limpa e permitir o retorno mais rápido de políticos condenados às urnas. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) também manifestou “perplexidade e indignação”, afirmando que as mudanças desfiguram os mecanismos de proteção da legislação e beneficiam especialmente condenados por crimes graves.
Na última semana, o PLP estava previsto para ser votado como primeiro item da pauta, mas a ordem foi invertida para priorizar outra proposta. Mesmo assim, a pressão nos bastidores continua intensa, com Arruda tentando transformar a polêmica em uma porta de retorno à cena eleitoral do Distrito Federal.