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Ricardo Galvão assume vaga de Boulos na Câmara

Ex-presidente do CNPq diz que pretende defender a ciência e ampliar investimentos em pesquisa

Ricardo Galvão (Foto: Reprodução/PT)

247 - O físico Ricardo Galvão anunciou que deixará a presidência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para assumir o mandato de deputado federal, ocupando a vaga deixada por Guilherme Boulos, atual ministro das Cidades. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (30) em suas redes sociais.

Galvão, candidato nas eleições de 2022, recebeu 40.365 votos e agora assume a cadeira na Câmara dos Deputados. “A voz da ciência no Congresso Nacional. Em 2019, o negacionismo tentou calar a ciência. Mas resistimos. Em 2022, o povo mobilizado derrotou o autoritarismo. Hoje, a ciência brasileira ocupa um lugar na Câmara dos Deputados”, escreveu Galvão em comunicado oficial.

A defesa da ciência 

Em sua mensagem, o físico afirmou que deixa o CNPq com sentimento de dever cumprido e agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, pela confiança durante sua gestão. 

“A ciência é o caminho, a democracia é o alicerce e a sustentabilidade é o destino. Sigo à disposição de São Paulo e do Brasil, com fé na razão, na solidariedade e na esperança de um futuro justo e possível”, declarou.

Decisão após conversa com Marina Silva e Boulos

Galvão havia demonstrado dúvida sobre assumir o cargo devido ao curto período restante do mandato. O impasse foi resolvido após conversas com Marina Silva e Guilherme Boulos, que o asseguraram de que permanecerá na função ao menos até março de 2026.

“Eu conversei com a ministra e com Boulos, que me garantiram que isso não deve acontecer e que eu teria a cadeira até pelo menos março do ano que vem. Com isso, decidi deixar o conselho e assumir o cargo”, explicou o físico, após reunião realizada no último dia 23.

Galvão adiantou que pretende integrar a Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, com foco em ampliar o orçamento para as instituições de pesquisa no país. “Temos várias unidades de pesquisa com poucos recursos, e o meu objetivo é ajudar a mudar isso”, afirmou.

O novo deputado afirmou ainda que não tem, por enquanto, ambições eleitorais de longo prazo. “Faço parte de uma rede de pesquisadores engajados que quer trazer debates ao Congresso Nacional. Se não houver decisão para nova candidatura, pretendo continuar apoiando a ciência como sempre fiz, nos bastidores”, disse ao portal.

Trajetória marcada por embate com Bolsonaro e reconhecimento internacional

Ricardo Galvão, doutor em física pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), ficou nacionalmente conhecido em 2019, quando foi exonerado da direção do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) após um confronto com o então presidente Jair Bolsonaro sobre dados do desmatamento na Amazônia. No mesmo ano, foi reconhecido pela revista Nature como um dos dez cientistas mais influentes do mundo.

Em 2021, recebeu o prêmio internacional da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS) na categoria Liberdade e Responsabilidade Científica. Também foi condecorado por Lula com a Ordem Nacional do Mérito Científico.

Uma vida dedicada à ciência

Professor aposentado do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), Galvão dirigiu o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas entre 2004 e 2011 e presidiu a Sociedade Brasileira de Física de 2013 a 2016. Membro da Academia Brasileira de Ciências e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, é especialista em física de plasmas e fusão nuclear controlada.

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