Mauro Vieira defende paz e reforma das instituições multilaterais em encontro do BRICS no Rio de Janeiro
Em discurso de abertura, ministro Mauro Vieira critica confrontos armados e defende solução para conflitos em Gaza e na Ucrânia
247 – O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, abriu a reunião dos ministros do BRICS no Rio de Janeiro com um contundente apelo em defesa da paz, do multilateralismo e da reforma das instituições internacionais. "Esta reunião acontece em um momento em que nosso papel como grupo é mais vital do que nunca", afirmou Vieira, recebendo os representantes no recém-renovado Palácio do Itamaraty. Segundo o chanceler brasileiro, o mundo enfrenta “crises globais e regionais convergentes, com emergências humanitárias, conflitos armados, instabilidade política e a erosão do multilateralismo”, exigindo uma resposta coletiva reforçada.
Vieira destacou que a expansão do BRICS, agora com 11 Estados-membros representando quase metade da população mundial, fortalece a capacidade do grupo de promover a paz e a estabilidade “baseados no diálogo, no desenvolvimento e na cooperação multilateral”. O ministro ressaltou que “a paz não pode ser imposta, deve ser construída”, enfatizando a necessidade de respeito ao direito internacional e à igualdade soberana dos Estados.
Críticas a Israel e defesa da Palestina
No discurso, Mauro Vieira condenou veementemente a situação nos territórios palestinos ocupados. “A retomada dos bombardeios israelenses em Gaza e a obstrução contínua da ajuda humanitária são inaceitáveis”, declarou. O chanceler deplorou o colapso do cessar-fogo anunciado em janeiro e reiterou a necessidade de uma retirada total das forças israelenses de Gaza, a libertação de todos os reféns e a garantia da entrada de assistência humanitária.
Reafirmando a posição histórica do Brasil, Vieira enfatizou o compromisso do BRICS com a solução de dois Estados: “Uma solução justa e duradoura para o conflito entre Israel e a Palestina só pode ser alcançada por meios pacíficos e sobre o direito internacional”, defendeu. Para ele, a criação de um Estado palestino independente, com fronteiras de 1967 e Jerusalém Oriental como capital, é essencial para a paz.
Defesa da diplomacia para a Ucrânia, Haiti e África
Mauro Vieira também abordou a guerra na Ucrânia, reiterando a necessidade de uma solução política: “O conflito na Ucrânia continua a causar pesado impacto humanitário, ressaltando a necessidade urgente de uma solução diplomática que defenda os princípios e os propósitos da Carta das Nações Unidas”, disse. Ele recordou que, em setembro, Brasil e China organizaram uma reunião em Nova York que levou à formação do “Grupo de Amigos da Paz”, reunindo países do Sul Global para buscar alternativas diplomáticas.
Sobre o Haiti, o ministro alertou para a deterioração da situação humanitária e de segurança, defendendo o apoio à reconstrução das instituições haitianas. Em relação à África, expressou preocupação com as tensões no Sudão, na região dos Grandes Lagos e no Chifre da África, apoiando esforços da União Africana e das Nações Unidas por soluções diplomáticas.
Compromisso com o multilateralismo e com um mundo multipolar
Vieira criticou o sistema de segurança internacional criado no pós-Segunda Guerra Mundial, dizendo que ele dá sinais de desordem diante da proliferação de conflitos e do aumento do sofrimento humano. Para o chanceler, a resposta do BRICS deve ser “fortalecer os princípios do direito internacional” e impulsionar a reforma das instituições multilaterais, como o Conselho de Segurança da ONU, para melhor refletir a atual realidade geopolítica.
O ministro concluiu sua fala destacando que o BRICS não busca se constituir como um bloco de confronto, mas sim como uma coalizão de cooperação: “Devemos liderar pelo exemplo, reafirmando nossa crença em um mundo multipolar, onde a segurança não é privilégio de poucos, mas um direito de todos”, afirmou. Assista:
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