Lindbergh: Câmara pode dar “tiro no pé” se não aprovar MP que dá alívio fiscal ao governo
Líder do PT afirma que Centrão tenta impor derrota ao governo Lula na análise da MP 1303 sobre recursos orçamentários
247 - O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), voltou a criticar a articulação do Centrão em torno da medida provisória (MP) 1303, que abre espaço no orçamento para ampliar gastos em ano eleitoral. Para o parlamentar, a estratégia tem como objetivo impor uma derrota política ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e poderá se transformar em um revés para a própria Câmara.
Segundo Lindbergh, a rejeição da proposta equivaleria a repetir erros cometidos em outras votações polêmicas. “Será como foi na PEC da Blindagem e no decreto do IOF. Eles não vão ter como explicar ao povo porque não querem aprovar a MP”, afirmou.
Medida provisória e impacto fiscal
A MP 1303 prevê a taxação de investimentos financeiros e aumento de impostos para fintechs. O texto, em sua versão inicial, também incluía tributos sobre casas de apostas, além da taxação de Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA). Após negociações conduzidas pelo relator Carlos Zarattini (PT-SP), parte dessas medidas foi retirada para facilitar a aprovação.
De acordo com cálculos do governo, mesmo desidratada, a proposta deve gerar um impacto positivo de aproximadamente R$ 17 bilhões aos cofres públicos. O texto foi aprovado na Comissão Mista Especial por apenas um voto de diferença e precisa ainda ser validado pelo plenário da Câmara e do Senado para não perder a validade.
Embate político e resistências
Lindbergh destacou que a estratégia do governo é expor a posição dos partidos contrários, reforçando que a medida beneficia a população mais pobre. “A gente não está querendo brigar. Estamos negociando e o relator cedeu até demais. Mas precisamos mostrar o que está acontecendo”, declarou.
Entre os focos de resistência estão setores do agronegócio, partidos do Centrão como União Brasil e PP, além da oposição articulada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Segundo o líder petista, a soma dessas forças criou um cenário adverso que ameaça o Palácio do Planalto. “Juntou a oposição do Tarcísio, a crise com o União e o PP e o agronegócio, que já anda armado contra o governo, e estão criando essa derrota para gestão Lula”, disse.
Disputa antecipada de 2026
Deputados da base avaliam que parte da dificuldade em torno da MP está relacionada à antecipação do debate eleitoral de 2026. A ampliação do espaço orçamentário daria ao presidente Lula condições de fortalecer programas sociais e acenar à população em um período politicamente estratégico.
Até o início da manhã desta quarta-feira, Lindbergh estimava que a proposta não contava sequer com 200 votos a favor no plenário da Câmara. A expectativa da liderança governista é reverter esse quadro até a abertura da sessão, marcada para a tarde, numa corrida decisiva para evitar uma derrota com forte repercussão política e econômica.