'A democracia enfrenta desprestígio global, mas devemos combater o populismo autoritário', alerta Barroso
Presidente do STF debateu os desafios econômicos, sociais e institucionais do Brasil em evento na Suíça
247 – O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, participou do Brazil Economic Forum, promovido pelo Lide em Zurique, na Suíça, onde abordou temas cruciais para o Brasil e o mundo. Entre os destaques, estavam os desafios econômicos, sociais e institucionais do país, as mudanças climáticas e os impactos da inteligência artificial.
Barroso iniciou sua exposição destacando a importância dos valores fundamentais para um Brasil melhor: civilidade, integridade e idealismo. Em suas palavras, “civilidade significa tratar todas as pessoas com respeito e consideração. Perdemos isso no Brasil pela compulsão de desqualificar quem pensa diferente. Recuperar a civilidade é muito importante”.
O ministro também sublinhou o papel da integridade, apontando que “honestidade não é virtude, é pressuposto. Na vida pública, não desviar recursos; na vida privada, não passar os outros para trás. Parece simples, mas é revolucionário em um país como o Brasil”. Por fim, comparou o idealismo com um elemento essencial para a vida pública, afirmando que “idealismo está para a vida pública como o amor está para a vida privada”.
Questões globais e o papel do Brasil
Barroso chamou atenção para dois pontos globais críticos: as mudanças climáticas e o desprestígio da democracia. Segundo ele, “a mudança climática é uma das questões definidoras do nosso tempo, e o Brasil precisa continuar sua agenda de transição e preservação dos biomas, sobretudo a Amazônia”.
O ministro também alertou para a ascensão do populismo autoritário, que, em sua visão, é alimentado pelas promessas não cumpridas de prosperidade e igualdade de oportunidades. “Precisamos combater essas ameaças com democracia, diálogo e respeito às instituições”, pontuou.
Avanços e desafios no Brasil
No plano nacional, Barroso destacou avanços econômicos, como o crescimento acima das estimativas pelo segundo ano consecutivo, e mencionou a regulamentação da reforma tributária como um marco positivo. Porém, ele enfatizou que o Brasil ainda enfrenta desafios graves, como a concentração de riqueza e o déficit habitacional. “Ainda temos 1% da população concentrando 63% da riqueza e mais de 6 milhões de famílias sem acesso à moradia adequada”, declarou.
O ministro também mencionou o menor nível de pobreza registrado desde 2012, mas alertou para a evasão escolar e outros desafios sociais persistentes.
Democracia e sistema eleitoral
Barroso afirmou que o país voltou à “plena normalidade” nas relações entre os poderes, mas reforçou a necessidade de julgar os responsáveis pelos ataques de 8 de janeiro. “Esses julgamentos são necessários para que, no futuro, ninguém ache natural invadir prédios públicos ao perder uma eleição”, explicou.
O sistema eleitoral brasileiro também foi alvo de sua análise crítica. Barroso classificou o modelo atual como “caríssimo e de baixa representatividade”, sugerindo que mudanças são necessárias para melhorar a conexão entre eleitores e eleitos.
Otimismo e visão de futuro
Encerrando sua participação, Barroso adotou um tom otimista ao falar do Brasil como um destino promissor para investimentos internacionais. “O Brasil continua a ser um dos melhores destinos para investimento no mundo. Temos estabilidade institucional, convivência pacífica e grande potencial ambiental. Civilidade, integridade e idealismo são os valores que podem nos levar ao progresso”, concluiu.
A participação do ministro no evento em Zurique reforçou a relevância do debate sobre os rumos do Brasil no cenário global, apontando caminhos para enfrentar os desafios e construir um futuro mais justo e sustentável.
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