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TCU multa ex-diretor da Caixa Asset por operação com o Banco Master

Igor Laino é acusado de ignorar alertas técnicos ao tentar aprovar compra de R$ 500 milhões em letras financeiras

Agência da Caixa Econômica Federal (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

247 - O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu aplicar uma multa de R$ 10 mil a Igor Macedo Laino, ex-diretor da Caixa Asset Management, empresa responsável pela gestão de fundos de investimento da Caixa Econômica Federal. A decisão foi divulgada nesta semana e trata de uma tentativa, em 2024, de aprovar a compra de R$ 500 milhões em letras financeiras emitidas pelo Banco Master.

Segundo informações publicadas pela Folha de S.Paulo, o relator do processo, ministro Antonio Anastasia, entendeu que Laino ignorou pareceres técnicos e alertas internos que indicavam alto risco na operação. Entre os pontos levantados pelas áreas especializadas estavam a baixa liquidez dos papéis, o longo prazo de vencimento e a concentração atípica dos recursos em um único emissor.

Omissão de informações e pareceres ignorados

De acordo com o voto do relator, técnicos do TCU constataram que Laino, à frente da Diretoria de Gestão de Fundos de Investimento (Diter), omitiu informações relevantes sobre o Banco Master no processo de habilitação da instituição. Entre os dados suprimidos estariam resultados de pesquisas reputacionais, menções negativas na imprensa e processos regulatórios em andamento. O relatório aponta que o ex-diretor enfatizou apenas os aspectos positivos da proposta, distorcendo a avaliação de risco.

O Conselho de Administração da Caixa Asset destituiu Laino do cargo em junho de 2025, após o início das investigações. Em sua defesa, o ex-diretor argumentou que agiu “com diligência e amparo técnico” e que não houve qualquer prejuízo aos cofres públicos.

Defesa nega irregularidades e promete recorrer

A defesa do ex-executivo nega qualquer irregularidade e afirma que a operação sequer chegou a ser concretizada. Em nota enviada à Folha de S.Paulo, o advogado Elísio Freitas declarou: “Confiamos em nova avaliação que considere os elementos de prova e que não há nenhuma infração do Igor”. Segundo ele, ainda cabem embargos de declaração e pedidos de reexame da decisão do TCU.

O ex-diretor-presidente da Caixa Asset, Pablo Sarmento, não foi citado no acórdão da 2ª Câmara do TCU, embora tenha sido destituído do cargo em novembro de 2024. Sarmento foi alvo de 25 denúncias de assédio moral e abuso de poder, sob investigação da corregedoria da empresa.

Represálias internas e impacto na governança

O caso também revelou indícios de retaliação dentro da Caixa Asset. Documentos analisados pelo TCU mostram que três funcionários contrários à operação com o Banco Master foram dispensados logo após uma reunião sobre o tema, em julho de 2024. A direção da empresa justificou as demissões como “atos de interesse da administração”, mas a área técnica do tribunal identificou possível caráter de represália.

O relatório do órgão de controle alertou ainda para o impacto desse tipo de conduta na governança corporativa e na cultura interna da instituição, destacando a necessidade de proteger servidores que atuam em conformidade com os pareceres técnicos.

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