iFood denuncia espionagem coordenada com tentativas de acesso a dados sigilosos
CEO da companhia, Diego Barreto, relata mais de 170 tentativas de espionagem e reforça protocolos de segurança
247 - Em um mercado altamente competitivo e em expansão, o iFood está enfrentando um ataque coordenado de espionagem corporativa. Em entrevista ao CNN Money, o CEO da plataforma de delivery, Diego Barreto, revelou que, nos últimos meses, mais de 170 abordagens foram feitas por consultorias nacionais e internacionais, com o intuito de obter informações sensíveis sobre a empresa. Barreto não mencionou os nomes das empresas envolvidas, mas detalhou que as tentativas de espionagem foram direcionadas principalmente a executivos das áreas de Negócios, Tecnologia e Comercial.
Segundo o CEO, os ataques têm como objetivo obter dados estratégicos, como informações financeiras, modelos de precificação e detalhes sobre as estratégias de investimento da empresa. As ofertas feitas aos executivos da companhia variam de US$ 250 a US$ 400 (aproximadamente R$ 1,3 mil a R$ 2,1 mil) por uma conversa de uma hora, sendo que em alguns casos, o valor chega a R$ 5,5 mil. “Tudo isso mostra uma tentativa clara de ‘espionagem corporativa’ para obter informações estratégicas do iFood, de maneira ilícita e antiética”, afirmou Barreto. As abordagens ocorreram principalmente por e-mail e mensagens no LinkedIn.
Além de reforçar os protocolos internos de segurança, o iFood já comunicou o caso às autoridades competentes, tanto na esfera civil quanto criminal. "O mercado brasileiro de delivery é um dos mais competitivos e inovadores do mundo, e naturalmente desperta interesse global. Mas esse interesse precisa se materializar em concorrência leal, com respeito à ética e às leis", destacou o CEO. O caso foi formalmente encaminhado para investigação, com a polícia envolvida e dois mandados de busca já emitidos.
Em resposta, as principais plataformas de delivery do Brasil foram contatadas pela CNN. A 99Food negou qualquer envolvimento com ações desse tipo, enquanto a Rappi optou por não comentar o assunto. A Ketta, por sua vez, declarou que segue as melhores práticas de mercado e não contrata empresas para realizar esse tipo de abordagem.
Barreto também explicou que as tentativas de espionagem começaram com abordagens superficiais, como convites para entrevistas sobre o mercado, mas rapidamente evoluíram para perguntas específicas sobre o iFood, como faturamento, margens de lucro e estratégias de precificação. "O ápice do esquema são pedidos disfarçados de ofertas de entrevista de emprego, pagando até R$ 5,5 mil por hora. Isso é absolutamente bizarro: não existe racionalidade em alguém pagar para que uma pessoa faça uma entrevista de emprego", afirmou o CEO.
O iFood já tomou medidas preventivas internas, como treinamentos e canais de denúncia, além de reforçar seus protocolos de segurança e compliance. O objetivo é proteger não só as informações da empresa, mas também os colaboradores e parceiros. “Estamos seguros que a estratégia da empresa está bem protegida e que os concorrentes dificilmente terão condições de replicá-las”, concluiu Barreto.
Para Barreto, a espionagem corporativa só revela fraqueza estratégica. “Quando empresas recorrem a práticas ilegais de espionagem, revelam desrespeito às regras de mercado”, afirmou. O iFood continua investindo no Brasil e anunciou um investimento de R$ 17 bilhões para o ano fiscal de 2026, com o objetivo de gerar mais empregos e fortalecer a economia de forma ética e transparente.