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      Vice-ministro da China nega ambição de domínio global e afirma: “estamos impulsionados pelo consumo interno”

      Liao Min afirma que maioria da produção chinesa atende ao mercado doméstico e rebate acusações dos EUA sobre desequilíbrios comerciais

      Liao Min, vice-diretor chinês do Escritório de Assuntos Financeiros e Econômicos da Comissão Central, fala durante uma coletiva de imprensa sobre o estado das negociações comerciais com os EUA em Pequim, China, em 13 de dezembro de 2019 (Foto: REUTERS/Jason Lee)
      Luis Mauro Filho avatar
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      247 - Durante reunião do G20 em Durban, na África do Sul, o vice-ministro das Finanças da China, Liao Min, afirmou que o comércio exterior do país está dentro de “limites razoáveis” e rejeitou acusações de que Pequim busca dominar os mercados globais. A entrevista foi concedida à agência Bloomberg após o encerramento do encontro de ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais do grupo.

      Segundo Liao, “a maior parte da produção da China visa atender à demanda interna”. E acrescentou: “quando há demanda externa, a China exporta de forma correspondente. Isso, no entanto, não significa que estejamos tentando dominar todos os mercados”.

      Consumo interno como motor da economia

      Liao enfatizou que o crescimento econômico chinês tem sido impulsionado principalmente pelo consumo doméstico, que respondeu por 56,2% do crescimento do PIB nos últimos quatro anos — aumento de 8,6 pontos percentuais em relação ao período de 2016 a 2020. No total, a demanda interna representou 86,4% da expansão da economia chinesa.

      Ainda de acordo com o vice-ministro, os números mais recentes do Produto Interno Bruto da China — uma alta de 5,3% no primeiro semestre de 2025 — refletem um desempenho “em linha com as expectativas” e contribuem positivamente para a economia global. “A certeza e a estabilidade da China são as maiores contribuições que o país oferece ao mundo neste momento”, declarou. “O que a economia global mais precisa hoje é de estabilidade e previsibilidade.”

      Superávit e equilíbrio comercial

      O país registrou um superávit de US$ 586 bilhões na balança de bens no primeiro semestre do ano, em parte devido à antecipação de embarques diante de temores com novas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Mesmo com expectativa de desaceleração nas exportações nos próximos meses, economistas ainda projetam superávit recorde anual superior a US$ 1 trilhão.

      Liao, no entanto, minimizou os dados. Ele argumentou que o superávit em conta corrente da China — que inclui serviços e transações financeiras — foi de apenas 2,2% do PIB no ano passado, patamar que classificou como “reconhecido globalmente como razoável”.

      Críticas dos EUA e resposta contida

      O posicionamento chinês contrasta com declarações recentes do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que classificou a China como “a economia mais desequilibrada da história” e acusou o país de tentar “exportar sua saída da crise imobiliária doméstica”. No ano passado, autoridades norte-americanas citaram o superávit chinês em produtos manufaturados como equivalente a 2% do PIB mundial — o dobro do registrado pelo Japão na década de 1990.

      Questionado sobre essas críticas, Liao evitou comentários diretos, mas argumentou que olhar para setores isolados pode levar a conclusões equivocadas: “Só porque a China tem grande participação em certos produtos não significa que haja excesso de capacidade. Tais alegações são simplificações que ignoram a realidade”.

      Incentivos ao consumo e transformação econômica

      Para estimular o consumo, o governo chinês dobrou a emissão de títulos soberanos especiais de longo prazo neste ano, somando 300 bilhões de yuans (US$ 41,8 bilhões). Mais da metade desse valor foi usada no primeiro semestre para subsidiar compras de eletrônicos, eletrodomésticos e veículos, o que impulsionou vendas em volume cerca de dez vezes maior.

      Liao destacou ainda que, no longo prazo, o país buscará expandir os setores de serviços e fortalecer as áreas verde e digital. A intenção é acelerar a transformação econômica e ampliar o poder de consumo da população por meio da geração de empregos e aumento de renda.

      O governo também continuará a reforçar as redes de proteção social, como os sistemas de previdência, para garantir um crescimento sustentado do consumo, acrescentou.

      G20 e multilateralismo

      O vice-ministro elogiou a adoção do comunicado conjunto do G20, descrevendo-o como um raro sinal de unidade em meio a tensões comerciais. “Isso envia uma mensagem forte de que os países estão comprometidos com melhor comunicação, coordenação mais estreita e colaboração em espírito de união”, afirmou. Liao reforçou que a China seguirá defendendo o multilateralismo e o papel do G20 como plataforma para respostas globais em tempos de crise.

       “O G20 foi criado justamente para que a comunidade internacional pudesse reagir a crises. Num momento de tantas incertezas e desafios, o grupo deve desempenhar papel ainda mais relevante”, concluiu.


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