Unicef: guerra em Gaza já deixou 64 mil crianças mortas ou feridas
'A fome persiste na Cidade de Gaza e está se espalhando', alertou a instituição
247 - O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apontou nesta quarta-feira (8) que 64 mil crianças morreram ou ficaram feridas na Faixa de Gaza desde outubro de 2023, quando começou o genocídio no território palestino. De acordo com a Unicef, mil bebês estão entre as crianças mortas e feridas.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, só o número de pessoas mortas no território ultrapassa os 66 mil palestinos de várias idades.
Em um comunicado, a diretora-executiva do Unicef, Catherine Russell, indicou que o número de vítimas pode ser ainda maior. "Não sabemos quantas outras morreram devido a doenças evitáveis ou estão soterradas sob os escombros”, afirmou.
“A fome persiste na Cidade de Gaza e está se espalhando para o sul, onde as crianças já vivem em condições terríveis. A crise de desnutrição, especialmente entre bebês, continua chocante. Cada criança morta é uma perda irreparável. Pelo bem de todas as crianças em Gaza, esta guerra precisa acabar agora."
As forças de Israel não apenas cometem mortes, como também passaram a bloquear ajuda humanitária ao território palestino. A ONU afirmou, em 22 de agosto, que mais de meio milhão de pessoas em Gaza estão passando fome. Foi a primeira vez que a fome foi declarada no Oriente Médio.
Tribunais
Em dezembro de 2023, a África do Sul levou à Corte Internacional de Justiça (CIJ) uma denúncia contra Israel, acusando o país de práticas que configurariam genocídio na Faixa de Gaza. O governo sul-africano pediu a adoção de medidas cautelares contra autoridades israelenses, sob o argumento de que a ofensiva militar e a omissão diante da crise humanitária ferem obrigações previstas na Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio. Israel rejeitou a acusação, afirmando que suas operações têm caráter de autodefesa frente a ataques terroristas. O Brasil manifestou apoio oficial ao processo aberto por Pretória.
No mês seguinte, em janeiro de 2024, a CIJ determinou que Israel adotasse providências para impedir qualquer prática que pudesse caracterizar genocídio contra o povo palestino. A decisão incluiu ainda a obrigação de punir incitações ao extermínio, além de assegurar a entrada de ajuda humanitária em Gaza. Entretanto, o tribunal não acolheu a solicitação da África do Sul para suspender imediatamente as operações militares israelenses. O julgamento ganhou respaldo de diversos países, incluindo o Brasil.
Mais tarde, em novembro de 2024, a Corte Internacional de Justiça emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, contra o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant e também contra dirigentes do Hamas, sob acusação de crimes de guerra. Tanto Israel quanto o Hamas negaram responsabilidade por violações do direito internacional humanitário.