Trump rechaça plano de anexação da Cisjordânia
Presidente dos EUA diz que “Israel não fará nada com a Cisjordânia” enquanto cresce o atrito com o governo de Benjamin Netanyahu
247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (23) que “Israel não fará nada com a Cisjordânia”, em meio à forte reação de seu próprio governo diante de uma votação no Knesset, o Parlamento israelense, que aprovou projetos de lei para anexar partes do território ocupado. A declaração foi dada na Casa Branca, após dias de tensões diplomáticas envolvendo Washington e Tel Aviv.
Segundo o jornal The Times of Israel, há desconforto entre autoridades norte-americanas após o voto de anexação coincidir com a visita do vice-presidente JD Vance a Israel.
Bastidores e críticas no governo Trump
De acordo com a publicação, um alto funcionário do governo norte-americano criticou duramente a postura de Israel: “Os israelenses não podem nos tratar como se fôssemos Joe Biden”, afirmou sob condição de anonimato, em referência ao ex-presidente democrata, com quem Netanyahu teve frequentes desentendimentos no passado.
Reação de JD Vance e novo foco no cessar-fogo
O vice-presidente JD Vance, que estava em visita oficial a Israel no momento da votação, reagiu com surpresa à decisão do Knesset. Segundo o jornalista Barak Ravid, do Canal 12, Vance classificou o ato como “um truque político estúpido” e “pessoalmente ofensivo”.
Em reunião com Netanyahu, o vice-presidente ouviu que a votação era “apenas preliminar” e “não iria a lugar algum”. Vance, no entanto, teria respondido: “Isso não pode acontecer enquanto eu estiver aqui”.
Marco Rubio tenta conter a crise
No mesmo dia, o secretário de Estado Marco Rubio desembarcou em Jerusalém para tentar apaziguar os ânimos. Após um breve encontro com Netanyahu, os dois deram declarações conjuntas à imprensa que duraram menos de dois minutos.
“Queremos avançar na paz. Ainda temos desafios de segurança, mas acredito que podemos trabalhar juntos para enfrentá-los e aproveitar as oportunidades”, disse Netanyahu. Rubio, por sua vez, destacou que o cessar-fogo em Gaza é “uma conquista importante, mas há mais trabalho a ser feito e obstáculos significativos pela frente”.
Rubio ressaltou que Trump tornou a consolidação da trégua em Gaza uma “prioridade máxima”, destacando o envio de assessores como Jared Kushner, Steve Witkoff e o próprio Vance para negociações com Israel e países árabes.
Pressão internacional e rejeição árabe
Enquanto as tensões aumentavam entre Washington e Tel Aviv, mais de uma dezena de países árabes e muçulmanos assinaram uma declaração conjunta condenando as votações de anexação.
O texto classifica as medidas como “violação flagrante do direito internacional” e reafirma que as tentativas de impor “soberania israelense” sobre a Cisjordânia ocupada são ilegais. Entre os signatários estão Jordânia, Egito, Catar, Turquia, Indonésia, Malásia, Paquistão e a Autoridade Palestina.
O dilema político de Netanyahu
Para o primeiro-ministro israelense, a questão da anexação representa um impasse político: enquanto sua base de extrema direita apoia fortemente a medida, avançar com ela pode prejudicar o objetivo estratégico de Trump de normalizar as relações entre Israel e a Arábia Saudita considerado o próximo passo do processo iniciado com os Acordos de Abraão.
Netanyahu tenta equilibrar as pressões internas com a necessidade de manter o apoio americano, crucial para o cessar-fogo em Gaza e as negociações regionais.


