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Trump faz discurso de autoexaltação na ONU, reivindica Nobel da Paz e acena a Lula

Presidente dos EUA ignora tempo do discurso, concentra ataques a imigrantes e nega mudanças climáticas

Donald Trump em discurso na ONU 23/9/2025 (Foto: REUTERS/MIKE SEGAR)

247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursou nesta terça-feira (23) na 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em uma fala marcada pela autoexaltação, ataques a adversários internacionais, críticas ao multilateralismo e declarações controversas sobre clima e imigração. Durante quase uma hora — muito além dos 15 minutos recomendados aos líderes —, Trump também surpreendeu ao relatar um breve encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem disse ter tido uma "química excelente" e recebido a promessa de uma reunião na próxima semana.

Autoelogios e reivindicação de Nobel da Paz

Trump iniciou o discurso exaltando sua gestão, descrevendo os EUA como vivendo uma "idade dourada" em seu segundo mandato. Afirmou que o país conseguiu reverter a "calamidade econômica" deixada pelo antecessor, Joe Biden, embora dados oficiais recentes mostrem inflação elevada e alta dos preços ao consumidor.

Em tom de grandiosidade, afirmou ter sido responsável por "finalizar sete guerras" em diferentes regiões do mundo, do Oriente Médio ao sul da Ásia. "Foi uma pena que eu tenha tido que fazer isso, e não as Nações Unidas", disse, ironizando a ineficácia do organismo internacional. Na sequência, insinuou que seus feitos o credenciariam ao Prêmio Nobel da Paz.

Críticas à ONU e ao reconhecimento da Palestina

Ao longo de sua fala, Trump questionou abertamente a utilidade das Nações Unidas. "Qual é o propósito da ONU? Ela tem um potencial tremendo, mas só vejo cartas com palavras fortes que não resolvem guerras. São palavras vazias", afirmou.

Ele também atacou países que anunciaram recentemente o reconhecimento do Estado palestino, classificando a medida como um "presente para os terroristas do Hamas" e uma recompensa "pelas atrocidades de 7 de outubro".

Aceno ao Brasil e tarifas

O ponto mais inesperado do discurso foi a referência ao Brasil. Trump contou ter encontrado Lula rapidamente antes de entrar no plenário. "Nós nos abraçamos, foi algo de 20 segundos, mas concordamos em nos reunir na próxima semana. Ele parece um homem muito agradável, e eu gosto dele e ele gosta de mim. Tivemos uma química excelente", afirmou.

Apesar do elogio, o presidente norte-americano não deixou de criticar a política comercial brasileira. "No passado, o Brasil tarifou nosso país de forma muito injusta, e por causa disso temos tarifas em resposta. Lamento dizer que o Brasil está indo mal e vai continuar indo mal. Eles só irão bem se trabalharem conosco. Sem nós, vão falhar, como outros falharam", disse.

Ataques à imigração e promessas a América Latina

Trump dedicou parte significativa do discurso a criticar a imigração, acusando países europeus de estarem sendo "invadidos" por imigrantes ilegais. "Vocês estão destruindo seus países. A Europa está em sérios apuros. Seus países estão indo para o inferno", declarou, em tom alarmista.

Na América Latina, prometeu endurecer as medidas contra a Venezuela, dizendo que seu governo irá "acabar com as redes de narcotráfico lideradas por Nicolás Maduro".

Negacionismo climático e críticas à energia verde

O presidente americano também atacou frontalmente a agenda ambiental. Negou a gravidade da crise climática, chamou as energias renováveis de "piada" e acusou a ONU de fazer previsões "falsas" sobre o futuro do planeta. "Se vocês não se afastarem dessa falácia da energia verde, seus países vão falhar", disse, direcionando-se principalmente à Europa.

Segundo Trump, a aposta em fontes limpas estaria levando vários países à beira da destruição. "Estamos nos livrando das chamadas renováveis. Elas não funcionam, são caras e uma farsa", completou.

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