Trump diz que tarifas sobre remédios e chips serão anunciadas "em uma semana ou algo assim"
Presidente dos EUA promete sobretaxar medicamentos em até 250% e mira setor de semicondutores para incentivar produção doméstica
247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que sua administração anunciará “dentro de uma semana” novas tarifas sobre importações de semicondutores e produtos farmacêuticos, ampliando sua estratégia de tarifação como ferramenta para estimular a produção doméstica e remodelar o comércio global.
Em entrevista à emissora CNBC, Trump declarou: “Vamos aplicar inicialmente uma tarifa pequena sobre produtos farmacêuticos, mas em um ano — um ano e meio, no máximo — ela vai subir para 150% e depois para 250%, porque queremos medicamentos fabricados em nosso país”. O presidente também confirmou que as tarifas sobre semicondutores serão tratadas separadamente: “Vamos anunciar sobre chips e semicondutores, que são uma categoria distinta”, acrescentou.
Estratégia agressiva para “repatriar” setores estratégicos
As medidas ocorrem no contexto de investigações conduzidas pelo Departamento de Comércio dos EUA, iniciadas em abril, para embasar tarifas contra um setor que, segundo estimativas, deve movimentar quase US$ 700 bilhões em vendas globais. O governo Trump já havia imposto tarifas sobre aço, alumínio, automóveis e peças automotivas, com o mesmo argumento: segurança nacional.
A ofensiva tarifária sobre chips pode gerar impacto direto em grandes empresas de tecnologia como Microsoft, OpenAI, Meta e Amazon, todas altamente dependentes de semicondutores avançados para alimentar suas operações com inteligência artificial. O aumento dos custos de importação tende a afetar seus planos bilionários de expansão.
Trump, no entanto, mantém o discurso de que as tarifas são um meio para garantir a independência produtiva dos EUA. Ele elogiou a iniciativa da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) de ampliar sua presença no país: “Você sabe, nós temos a maior do mundo, como você sabe, vinda de Taiwan e investindo US$ 300 bilhões no Arizona, construindo a maior fábrica do mundo para chips e semicondutores”, afirmou.
A declaração foi recebida com ceticismo, já que a TSMC estima investir US$ 165 bilhões, ao longo de vários anos, na construção de seis fábricas de semicondutores avançados, duas unidades de empacotamento e um centro de pesquisa no Arizona. Nem a empresa nem a Casa Branca comentaram sobre a discrepância nos números citados por Trump.
Indústria farmacêutica no alvo
As ameaças tarifárias também atingem o setor de medicamentos, que tem sido um dos principais alvos da política protecionista de Trump. O presidente exige que os maiores fornecedores reduzam significativamente os preços de seus produtos, sob pena de enfrentar sanções adicionais, ainda não especificadas.
Empresas como Merck e Eli Lilly possuem diversas unidades produtivas espalhadas pelo mundo. De acordo com a organização Biotechnology Innovation Organization, cerca de 90% das empresas de biotecnologia dos EUA dependem de insumos importados para, ao menos, metade de seus produtos já aprovados.
As tarifas em estudo fazem parte de investigações comerciais amparadas na Seção 232 da Lei de Expansão Comercial dos EUA, que permite impor restrições com base em argumentos de segurança nacional. Essa base legal é considerada mais robusta que os dispositivos emergenciais utilizados anteriormente por Trump, muitos dos quais ainda enfrentam contestações judiciais. As chamadas tarifas “recíprocas” estão programadas para entrar em vigor já nesta quinta-feira.
(Com informações da agência Bloomberg)
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